Viana de Castelo: O peixe como folar de Páscoa

Na segunda-feira após a Páscoa lança-se as redes ao rio Minho e o fruto da faina destina-se ao pároco.

Valença, Viana do Castelo, 10 abr 2012 (Ecclesia) – Numa aldeia do Minho existe a tradição de, na segunda-feira após a Páscoa, lançar-se as redes ao rio e oferecer-se o fruto da faina ao pároco.

O Padre José Marques Alves, pároco de Cristelo Côvo (Valença), disse à ECCLESIA que esta tradição é remota – sabe-se que na primeira metade do século XIX já existia -, mas “tem data desconhecida”.

Numa zona onde as freguesias têm “um cariz religioso bem vincado”, o pároco refere que sai, com os seus acompanhantes, “com a cruz paroquial e vai de porta em porta visitar as famílias para a bênção das casas”.

No final dirige-se com a cruz para o porto de pesca na margem do rio Minho – a freguesia é de cariz piscatório – e entra no “barco mais novo” em direção à paróquia do Sobrado (Galiza – Espanha) onde dá a cruz a beijar aos galegos que “estão do lado de lá da margem”.

No rio lança-se as redes – o chamado «lanço da cruz» e “tudo aquilo que as redes trouxerem é oferecido ao pároco como folar da Páscoa”, sublinha este sacerdote que está naquela paróquia há mais de 50 anos.

O ambiente é de “alegria” porque “é a festa da Ressurreição e da esperança”,disse e acrescenta: “Há mais alegria quando a pesca é abundante, mas infelizmente, nos tempos que correm isso é raro”.

Com mais de cinco décadas naquela paróquia minhota, o Padre José Marques reconhece que já foi “bafejado pela sorte de uma pesca”.

Para além do folar de Páscoa, o sacerdote aponta o “convívio com as freguesias da vizinha Espanha” que são banhadas pelo Rio Minho como um motivo de atração para a festa.

Se o barco mais novo leva o pároco e a cruz, os restantes – cerca de uma dezena – levam outras pessoas, os foguetes e os instrumentos musicais.

PRE/LFS

Partilhar:
plugins premium WordPress
Scroll to Top