Batismo: Abraçar a fé na idade adulta

Iniciação cristã responde a «busca interior» que as paróquias são chamadas a integrar e desenvolver

Lisboa, 07 abr 2012 (Ecclesia) – Centenas de jovens e adultos, de norte a sul do país, celebram hoje a entrada na família cristã, com a receção do sacramento do batismo, durante a vigília pascal, em memória da Ressurreição de Cristo.

No Patriarcado de Lisboa, 104 pessoas com mais de 16 anos, vindas de 35 paróquias, vão ser ungidas com a água e o óleo dos catecúmenos, na Sé Patriarcal, depois de um período de preparação que rondou os “dois, três anos”, adianta o padre Paulo Malícia, que há mais de uma década coordena o Setor da Catequese na diocese, em entrevista concedida à Agência ECCLESIA.

Segundo o sacerdote, “são cada vez mais as pessoas que pedem o batismo em adultas”.

A entrada na fé, que antigamente “era sobretudo uma herança sociológica”, passada de pais para filhos, na infância, responde atualmente “a uma busca interior”, resultante de uma caminhada de vida.

Isto faz com que a “preparação dos catecúmenos tenha de ser cada vez mais cuidada”, sustenta aquele responsável.

Paula Santos, da paróquia de Nossa Senhora da Conceição, em Queluz, e Valter Fontão, da paróquia da Ericeira, em Mafra, são dois exemplos de pessoas que optaram por entrar na fé cristã já depois dos 30 anos.

No caso do jovem da Ericeira, a cerimónia desta noite “vai ser o culminar de uma formação que começou há muito tempo, desde os cinco anos, na catequese, mas que depois sofreu uma interrupção”.

O trabalhador-estudante, que também vai casar pela Igreja dentro de uma semana, espera que o batismo “abra novas portas de colaboração” junto da sua comunidade.

Para Paula Santos, de 36 anos, a celebração do sacramento, há cerca de um ano e meio, representou a “concretização de um sonho” que perseguiu durante mais de metade da sua vida.

Tudo começou aos 17 anos, quando “a mãe não assinou” a autorização para que fosse batizada; em seguida, esteve “uma série de anos sem voltar” a tentar, em parte devido ao pouco apoio familiar, até que em 2010 decidiu ir à paróquia de Monte Abraão falar com o catequista para “ver como funcionava” a formação de adultos e foi finalmente batizada numa pequena cerimónia, apenas com o sacerdote, o marido, os padrinhos e os filhos.

Quando convidada a explicar o que é que mudou na sua vida, Paula Santos realça que o sacramento reforçou o seu sentimento de pertença à Igreja, uma vez que agora quando vai à missa “já se sente em casa”.

“Ser cristã é um conforto e uma esperança”, sublinha, adiantando que quer transmitir a sua experiência aos filhos.

O aumento do número de catecúmenos em idade adulta obriga não só a Igreja a apostar numa formação mais cuidada mas também a criar condições para que os novos elementos tenham lugar nas suas comunidades de origem.

José Rui Teixeira, que já acompanhou a formação de centenas de adultos no Centro Catecumenal da Diocese do Porto, diz que “há paróquias em que as pessoas que estão à frente dos serviços são sempre as mesmas”, o que torna “muito difícil integrar pessoas novas”.

Para aquele responsável, as comunidades devem “funcionar como caixa de ressonância para o acolhimento do catecúmeno”, proporcionando-lhes uma “experiência cristã mais madura”.

O catecumenado, tal como foi pensado pela Igreja nos primeiros séculos, é a instituição que tem a missão de acompanhar as pessoas no itinerário de fé até aos sacramentos do Batismo, da Confirmação e da Eucaristia.

JCP

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