D. Gianfranco Ravasi, presidente do Conselho Pontifício da Cultura, levou o «Pátio dos Gentios» até à cidade italiana de Palermo
Palermo, Itália, 30 mar 2012 (Ecclesia) – O presidente do Conselho Pontifico da Cultura (CPC), cardeal Gianfranco Ravasi, considera que a Máfia é um exemplo atual da tensão permanente entre “beleza” e “degeneração”.
No lançamento de uma sessão do “Pátio dos Gentios”, esta quarta-feira, na cidade italiana de Palermo, aquele responsável apontou para a realidade daquela parte da Sicília, onde por um lado existem “monumentos e paisagens admiráveis”, mas ao mesmo tempo subsistem a “corrupção e a ilegalidade”.
“A harmonia está permanentemente em rutura com o caos, como se vê aqui nesta terra de forma incisiva”, sublinhou o cardeal italiano, recordando as vidas que já se perderam à custa do crime organizado.
“Não devemos deixar morrer a beleza, temos de a fazer florescer”, desafiou.
A intervenção de D. Gianfranco Ravasi, intitulada “Sociedade, Cultura e Fé”, surge no âmbito de uma iniciativa que reúne crentes e não crentes para debater a “Cultura da legalidade e sociedade multirreligiosa”.
O “Pátio dos Gentios”, que termina esta noite, contribuiu para “reforçar o empenho da Igreja contra a ilegalidade”, numa cidade que é considerada “a capital do crime organizado” na Sicília.
Para o presidente do CPC, entidade promotora do evento, não se pode falar aqui de uma “cultura mafiosa”.
“Sempre que há violência, sempre que acontece a criminalidade que rompe com a harmonia social, temos exatamente o contrário, temos a ignorância”, sustentou o prelado.
D. Gianfranco Ravasi defendeu a importância de inverter esta espiral de degeneração indo ao encontro daquilo que está contido “em todas as culturas, crentes e não crentes”, ou seja, “uma alma religiosa” que seja fonte de harmonia.
No entanto, para chegar a esse “núcleo espiritual” é preciso primeiro ultrapassar a “indiferença” que reina na sociedade.
“A existência ou não existência de Deus é hoje vista como uma questão quase insignificante e a busca de valores transcendentes é encarada como uma perda de tempo”, lamentou o cardeal.
JCP