Porta-voz faz balanço positivo dos primeiros dias da visita, falando em cerca de um milhão de pessoas nas ruas de Guanajuato
Lisboa, 25 mar 2012 (Ecclesia) – O porta-voz do Vaticano descartou hoje no México a hipótese de um encontro entre Bento XVI e representantes de vítimas de abusos sexuais por parte de membros do clero ou em instituições da Igreja.
Segundo o padre Federico Lombardi, existiu “agressividade” e ambiguidade” na forma como a reunião foi pedida à Santa Sé: “Manifestava-se a vontade de querer encontrar o Papa, mas não se queria escutá-lo num diálogo profundo, de espiritualidade”.
O responsável do Vaticano para as relações com a imprensa recordou que encontros similares aconteceram no passado, à margem da agenda oficial das viagens, mas os mesmos “tinham sido pedidos pelos bispos, houve uma preparação e foram inseridos num processo de diálogo e assistência no qual a Igreja estava envolvida”.
“Por isso, nalgumas viagens do Papa houve [encontros] e noutros não, como aconteceu em Portugal e na França”, prosseguiu.
Este sábado [domingo em Portugal], Bento XVI dirigiu-se a milhares de crianças reunidas na Praça da Paz na cidade de Guanajuato, região central do México, no momento central do segundo dia da visita ao país.
“Quero aqui elevar a minha voz, convidando todos a protegerem e cuidarem das crianças, para que nunca se apague o seu sorriso, podendo viver em paz e olhar o futuro com confiança”, disse.
O Papa afirmou que os menores ocupam “um lugar muito importante” no seu coração e lembrou, em particular, as que “suportam o peso do sofrimento, o abandono, a violência ou a fome”.
Os mexicanos que denunciaram os abusos sexuais alegadamente cometidos pelo fundador dos Legionários de Cristo, Marcial Maciel (1920-2008), pediram a Bento XVI que reconheça a responsabilidade da Igreja no encobrimento deste caso.
Federico Lombardi referiu, a este respeito, que é “injusto falar de Bento XVI como um Papa que trabalhou contra a verdade e a transparência”, rejeitando as acusações de que o então cardeal Ratzinger estivesse a par dos abusos do padre Maciel, sacerdote mexicano posteriormente suspenso pelo atual Papa.
“O mesmo se aplica a João Paulo II, que não tinha consciência da dupla vida, do lado obscuro de Maciel”, defendeu.
O porta-voz do Vaticano confirmou que Bento XVI se encontrou com familiares de vítimas do narcotráfico e do crime organizado, temas que têm estado no centro das preocupações desta visita papal.
O diretor da sala de imprensa da Santa Sé adiantou que cerca de um milhão de pessoas terão acompanhado o Papa no percurso de mais de 50 quilómetros entre León e Guanajuato.
Em relação à questão da liberdade religiosa, o sacerdote italiano assinalou que “a Igreja não pede privilégios, mas a possibilidade de participar na vida da sociedade mexicana”.
Noutro âmbito, o padre Lombardi colocou de parte a possibilidade de um encontro entre o Papa e Hugo Chávez, presidente da Venezuela, que se encontra em Cuba, durante a visita de três dias que se inicia esta segunda-feira.
OC