Porto: Bispo alerta para limites da religiosidade popular

D. Manuel Clemente prossegue ciclo de reflexões sobre a evangelização da Europa

Porto, 22 mar 2012 (Ecclesia) – O bispo do Porto, D. Manuel Clemente, afirmou que a ação de evangelização da Igreja Católica deve procurar superar os limites da “mera religiosidade”.

“A religiosidade popular, podendo ser abertura, fecha-se muito em si própria, tornando-se assim em problema”, disse o prelado, na segunda das suas catequeses quaresmais, esta quarta-feira à noite, na Sé do Porto.

Na intervenção, enviada hoje à Agência ECCLESIA, o também vice-presidente da Conferência Episcopal Portuguesa afirmou que “a tarefa mais urgente e inadiável de toda a evangelização é transformar pelo Espírito a mera religiosidade em autêntica ‘piedade’, vivência filial”.

Passando em revista os primeiros séculos de cristianismo na Europa, D. Manuel Clemente pediu aos católicos “corações livres de toda a concupiscência e cobiça e assim vencedores de qualquer desigualdade ou corrupção”.

“Onde Deus é tudo há lugar para tudo e há espaço para todos”, sublinhou.

O bispo do Porto, especialista em História da Igreja, destacou que “a primeira evangelização foi sobretudo a dos mártires – os apóstolos também o foram -, testemunhas absolutas da novidade evangélica, finalizando com esta as suas vidas, ícones perfeitos da plena realização em Cristo”.

“Quem aderia, renascia num batismo que implicava mudança total de vida e critério, pois passava a existir em Cristo e a partir de Cristo, que o mesmo é dizer a partir do fim, atraindo tudo e todos a essa mesma existência, ultimada também”, acrescentou.

A este momento seguiu-se uma “nova evangelização” da Alta Idade Média, protagonizada por “monges missionários, que fundam comunidades escatológicas e irradiantes”.

Os séculos XII e seguintes, disse D. Manuel Clemente, viram “outra Europa: crescimento demográfico, animação comercial, capitalização e reurbanização, foram, entre outros, os fatores determinantes”.

Nesse contexto, frisou, “o cristianismo subsistente foi sobretudo interpelado por novos evangelizadores que apareciam, em grupos itinerantes, como os discípulos de Francisco de Assis ou Domingos de Gusmão.

Para o bispo do Porto, em todos estes momentos é possível identificar elementos centrais para a vivência das comunidades cristãs: “Seguimento de Cristo, despojamento escatológico, profissão de fé, convite à conversão, caridade e perdão”.

O ciclo de catequeses conclui-se na próxima quarta-feira, às 21h30, na Catedral do Porto.

OC

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