«Pátio dos Gentios» vai à Sicília para promover «cultura da legalidade»
Cidade do Vaticano, 20 mar 2012 (Ecclesia) – O presidente do Conselho Pontifício da Cultura (CPC), organismo da Santa Sé, apresentou hoje uma iniciativa de diálogo cultural e de sensibilização contra a Mafia, programada para Palermo, na Sicília.
“Cultura da legalidade e sociedade multirreligiosa” é o tema escolhido para a próxima sessão do ‘Pátio dos Gentios’, estrutura do CPC destinada ao diálogo com os não crentes, que vai decorrer entre os dias 29 e 30 deste mês.
O projeto vai ser apresentado em conferência de imprensa, no Vaticano, pelo cardeal Gianfranco Ravasi, presidente do CPC, para quem “o elemento fundamental é o direito, a legalidade”.
“Sabemos bem que quando se fala de ‘máfia’, falamos na realidade de uma definição de fenómenos de criminalidade, portanto de violação da legalidade e dos direitos, que tem certamente dimensões para além da Mafia siciliana”, refere o cardeal italiano à Rádio Vaticano.
O CPC vai juntar filósofos, religiosos, juristas, historiadores e intelectuais para falar sobre a cultura do diálogo e criminalidade organizada.
“Para combater este fenómeno, para que o povo renasça, é preciso atuar no interior da educação e da juventude. Só assim se poderá falar de uma nova era de civilização”, assinala o cardeal Ravasi.
Em Palermo, o ‘Pátio dos Gentios’, que em novembro chega a Guimarães, coloca no centro o valor da Justiça e a tradição multicultural que distingue a ilha mediterrânica.
“O diálogo entre as religiões e o diálogo inter-religioso e intercultural constituem um recurso crucial” para ampliar “a cultura da legalidade e para contribuir para reforçar o tecido democrático e espiritual” da ilha, sublinha o texto de lançamento do encontro.
Bento XVI visitou a Sicília em outubro de 2010, tendo deixado por palavras e gestos simbólicos contra a Mafia, que qualificou como “um caminho de morte, incompatível com o Evangelho”.
Antes do regresso a Roma, no caminho para o aeroporto, Bento XVI quis que o cortejo parasse em Capaci, no local onde aconteceu o atentado contra o juiz Giovanni Falcone, depositando ali uma coroa de flores e rezando em silêncio, em memória de todas as vítimas de organizações mafiosas e da criminalidade organizada.
OC