Desenvolvimento: Francisco Sarsfield Cabral defende «regulação mais apertada» para o setor bancário

Especialista em assuntos económicos participou na sessão de abertura do ciclo de debates sobre «Alternativas – Cristianismo e Mudança»

Lisboa, 08 mar 2012 (Ecclesia) – O jornalista e comentador Francisco Sarsfield Cabral considera que o caminho para a afirmação dos bancos enquanto agentes proativos de desenvolvimento sustentável só será trilhado mediante a aposta em medidas mais eficazes de regulação.

Na abertura do ciclo de conferências intitulado “Alternativas – Cristianismo e Mudança”, que a FEC – Fundação Fé e Cooperação vai levar a cabo até dia 30 de março, o especialista em assuntos económicos criticou a “decadência clara” que tomou conta das instituições bancárias, em termos éticos, nos últimos 20 anos.

De acordo com aquele responsável, “os bancos são muito importantes para o funcionamento geral da economia mas têm um problema de raiz: alguns são grandes demais para falirem” e por isso são permanentemente ajudados pelos “Governos e bancos centrais”.

Esta “dependência do Estado e dos contribuintes” funciona no meio dos gestores como um “incentivo à irresponsabilidade” e favorece as operações de investimento, que “acarretam maior risco”.

“Tem de ser feita uma regulação mais apertada”, reforçou Francisco Sarsfield Cabral, dando como exemplo a separação que existia “entre a banca comercial e a banca de investimentos” e que foi terminada durante a década de 90, sobretudo por influência do Governo do presidente americano Bill Clinton.

A uma questão relacionada com o facto dos bancos poderem, ou não, incluir “valores morais e de cidadania” na sua gestão, o jornalista acrescentou o desafio a um estilo de vida “mais sóbrio”.

“Independentemente do crescimento económico, houve uma explosão de consumismo cá em Portugal entre os anos 60 e 90, aliás estimulada pelos Governos, e agora temos de mudar de vida”, apontou.

O comentador licenciado em Direito, que partilhou a mesa com Sofia Santos, professora do ISCTE Business School, e o investigador Luís Mah, lamentou ainda a “insensibilidade social de muitos gestores bancários, que neste momento ganham quinhentas vezes mais do que a média do salário existente na suas respetivas empresas”.

Até ao final deste mês, o programa idealizado pela FEC prevê a realização de mais dois debates, sempre com entrada livre, na livraria Ferin, em Lisboa.

Destaque para a participação de figuras como os jornalistas António Marujo e Laurinda Alves e o antigo diretor do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, Jan Vandemoortele.

Em tempo de Quaresma, aquela organização católica não governamental de apoio ao desenvolvimento encara este ciclo como uma oportunidade para descobrir novos caminhos para a economia comum e para o bem-estar de cada pessoa e das comunidades.

A Quaresma é um período de 40 dias, excetuando os domingos, marcado por apelos ao jejum, partilha e penitência, que servem de preparação para a Páscoa, a principal festa do calendário cristão, que este ano ocorre a 8 de abril.

FEC/JCP

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