Braga: Capela Árvore da Vida nasceu do diálogo entre Arte e Teologia

Seminário Conciliar estuda mais parcerias no domínio da arte contemporânea

Braga, 08 mar 2012 (Ecclesia) – A Capela Árvore da Vida, eleito o melhor edifício religioso do mundo pelos leitores do site ArchDaily, nasceu do diálogo entre Arte e Teologia feitas em Portugal e na Europa, refere o principal responsável pelo projeto.

A obra do gabinete Cerejeira Fontes Arquitetos “é fruto de uma grande equipa”, disse hoje à Agência ECCLESIA o padre Joaquim Félix, vice-reitor do Seminário Conciliar de São Pedro e São Paulo, em Braga, onde a capela foi construída.

Ao receber a notícia da distinção do prémio ArchDaily 2011, atribuída pelo site que reivindica o título de mais visitado no domínio da arquitetura, o sacerdote disse ter sentido uma “alegria que não foi individual mas partilhada”.

O responsável lembrou alguns dos intervenientes na capela: artistas da Noruega, Alemanha, Itália e Portugal, como o escultor Manuel Rosa, a pintora Ilda David, a ceramista Júlia Ramalho, “o ourives que trabalha a prata, os carpinteiros e os pedreiros”.

“O projeto nasce de um conhecimento alargado relativamente à construção contemporânea do espaço religioso da Igreja”, tendo sido “muito preparado através de leituras de compêndios relativos aos grandes debates do século XX sobre arquitetura e liturgia”, observou.

O professor da Faculdade de Teologia da Universidade Católica salienta que a obra inaugurada em 2011 “inscreve-se dentro de uma grande tradição cristã que muitas vezes não é dada nas faculdades de arquitetura civis”.

Depois de frisar que “a tradição só se compreende em progresso”, o padre Joaquim Félix recordou que o diálogo da Igreja Católica com a cultura contemporânea “já se iniciou há muito tempo, mesmo em Portugal”.

“Nota-se que há vontade de ir além de algumas expressões menos conseguidas”, o que exige da parte da Igreja “pessoas preparadas que sejam verdadeiros interlocutores dos arquitetos”, apontou o sacerdote.

O docente entende que há “grandes riscos quando se envolvem intervenientes de referência” mas sublinha que esse perigo pode ser evitado com recurso ao coletivo: “Se formos além do capricho ou da marca individual, por melhor que seja, conseguem-se coisas extraordinárias”.

O padre Joaquim Félix acredita que “melhores dias se esperam para a expressão viva do cristianismo nas linguagens contemporâneas, por mais difíceis que pareçam para alguns”.

A visibilidade que a Capela tem ganho, com visitas de arquitetos e especialistas de outras artes provenientes de vários pontos do globo, permite estabelecer relações com artistas como Lourdes Castro e alargar horizontes no que respeita à relação da cultura com o catolicismo.

Vão ser estabelecidos contactos com um compositor suíço para a criação de uma missa para a igreja de São Paulo, dentro do Seminário, e está a equacionar-se a possibilidade de assinalar o Ano da Fé, que começa em outubro, mais as restantes “virtudes teologais” (caridade e esperança) com contributos de artistas da Rússia, Suécia e Portugal, revelou o padre Joaquim Félix.

“Aquilo que não estamos a conseguir tão bem ao nível da economia e da política na União Europeia, conseguimos desta forma, o que é muito bonito do ponto de vista cultural”, assinalou.

A relação do Seminário Conciliar com a cultura contemporânea não vem de agora: em 2009 foram expostas pinturas de Ilda David baseadas nas cartas bíblicas de São Paulo.

RJM

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