Açores: Cáritas alerta para dificuldades das comunidades migrantes

Falência do tecido empresarial está a levantar «questões relacionadas com a precariedade mas também com direitos humanos»

Angra do Heroísmo, Açores, 07 mar 2012 (Ecclesia) – O combate ao desemprego e a falta de recursos das famílias são as principais preocupações da Cáritas dos Açores, que alerta particularmente para as dificuldades que enfrentam as comunidades migrantes que ali residem.

Na Ilha do Corvo, a mais pequena do arquipélago açoriano, a falência de uma empresa de construção civil abriu espaço ao “aproveitamento das dificuldades das pessoas” e ao “tráfico de influências”, critica a presidente Anabela Borba, em declarações à ECCLESIA.

Aquela responsável sublinha que “começam a estar em cima da mesa não só questões relacionadas com a precariedade mas também com direitos humanos”.

Os trabalhadores envolvidos não recebem salário há mais de cinco meses e também não têm neste momento condições para regressar a casa, estando em muitos casos dependentes da ação da Cáritas e de outros núcleos sociais.

A empresa em questão, Castanheira e Soares, justificou em fevereiro a sua “falta de liquidez” com a “falta de pagamento por parte de entidades adjudicatárias”, a “contração do mercado” e os cortes na concessão de crédito por parte da banca.

Esta situação de instabilidade estende-se também a áreas como o comércio a retalho, dos serviços administrativos e do apoio a empresas.

Segundo dados avançados pelo Instituto Informador Comercial, a conjuntura económica já levou ao encerramento de sete empresas, desde o início do ano, enquanto que em 2011 foram 26 as instituições comerciais que tiveram de fechar portas.

Como “os meios à disposição são escassos”, a Cáritas dos Açores está neste momento a apostar na organização de “núcleos de ação social” nas diversas ilhas e paróquias.

Para Anabela Borba, “a Igreja está neste momento mais próxima” das necessidades das pessoas, o que representa um sinal de “esperança” num ano que se adivinha “muito difícil”.

Numa altura em que a Igreja Católica Portuguesa assinala a Semana Nacional da Cáritas, dedicada ao tema “Edificar o bem comum: Uma tarefa de todos e de cada”, aquela responsável convida as pessoas a “lutarem por uma sociedade mais justa”.

É que a “catástrofe” que Portugal atravessa “é transversal a toda a sociedade, hoje afeta mais umas pessoas mas amanhã irá afetar outras que nem sequer pensam nestes problemas”, realça a líder da organização católica açoriana, que apoia neste momento cerca de quatro mil pessoas.

Integrado no programa da sua Semana Nacional, a Cáritas Portuguesa vai realizar um peditório de rua entre os dias 8 e 11 de março, com cerca de 2500 voluntários espalhados pelo país.

Quem quiser contribuir através da internet, poderá fazê-lo no site http://www.detodosedecadaum.org/.

A análise à realidade das diversas Cáritas diocesanas vai estar em destaque na próxima emissão dominical do programa Ecclesia na Antena 1, a partir das 06h00.

PRE/JCP

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