Bento XVI convida católicos à partilha

Papa assina prefácio do livro «A ajuda não cai do céu», do cardeal Paul Josef Cordes

Cidade do Vaticano, 06 mar 2012 (Ecclesia) – Bento XVI convidou os católicos de todo o mundo a “partilhar o pão” na sua vida diária, pela divisão “daquilo que se possui” e sendo “imagem da hospitalidade de Deus”.

O Papa deixa este apelo no prefácio do livro ‘A ajuda não cai do céu. Caridade e espiritualidade’, do cardeal Paul Josef Cordes, presidente do Conselho Pontifício ‘Cor Unum’ (um só coração, em latim), um texto divulgado hoje pelo Vaticano.

Para Bento XVI, a caridade cristã é mais do que “agir prático” e tem de manifestar-se a “todos os níveis” numa ligação às “raízes profundas da comunhão com Deus”.

O Conselho Pontifício ‘Cor Unum’, responsável pelas obras de caridade do Papa, tem como missão coordenar as iniciativas das instituições católicas de solidariedade.

Bento XVI agradece ao cardeal Cordes por ter acolhido o “impulso” dado pelo próprio Papa com a sua primeira encíclica, ‘Deus caritas est’ (Deus é amor), desejando que o livro do presidente do ‘Cor Unum’ possa levar as pessoas a “agir com amor” e a uma “comunhão profunda com Jesus Cristo”.

O prefácio parte de uma passagem do livro bíblico dos Atos dos Apóstolos, em que se descreve a “fração do pão” que caraterizava as primeiras comunidades cristãs.

Para o Papa, esse gesto foi essencial para a unidade da Igreja nascente e deve continuar a ser sinal de “comunhão e dom”.

Nesse sentido, acrescenta, a celebração da Eucaristia, o mais importante sacramento para os católicos, é “mais do que um simples ato de culto”, porque permite entender Jesus como “pão da vida” que se partilha.

Em texto publicado no semanário Agência ECCLESIA, o presidente da Cáritas Portuguesa, Eugénio Fonseca, assinalava que “partilhar dá sentido à vida” e que “é a capacidade de renunciar que esclarece e define a verdade da partilha e fortalece a vontade de doação”.

“O crente sabe que Deus criou o homem como um ser social e colocou no seu coração sementes de dom para que seja capaz de viver a sua história e as suas relações sociais desde o dinamismo do amor”, observa.

José Carlos Carvalho, professor da Faculdade de Teologia da Universidade Católica, refere, por seu lado, que a Bíblia apresenta vários exemplos de partilhas e de partilhadores, “com uma nota distintiva: não estamos perante meros atos de filantropia ou de solidariedade, mas da comunhão de algo mais transcendente, não apenas ao nível horizontal ou imanente”.

Já José Rosa, professor da Universidade da Beira Interior, sublinha ser no “reconhecimento de si, dos outros e de tudo como relação/comunhão que assenta o sentido da reciprocidade verdadeira, nem parasitária nem parasitada”.

OC

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