O triunfo do cinema português

Com os prémios atribuídos no Festival de Cinema de Berlim a João Salaviza (“Rafa”) e Miguel Gomes (“Tabu”), há razões de sobra para celebrar o cinema português. Êxitos a somar a “É na Terra não é na Lua”, de Gonçalo Tocha, melhor longa metragem do Festival de Locarno.

Devemos pensar esta semana de triunfo do cinema nacional como resultado de uma construção diária, com nomes que todos os dias, meses ou anos percorrem festivais dentro e fora de portas, enquanto tantos outros, com o mesmo mérito, permanecem incógnitos ao nosso olhar demasiado solicitado de espetador.

De facto, o reconhecimento do bom cinema que se faz em Portugal relembra-nos a intensa atividade que se desenrola ao longo do ano por detrás dos grandes ecrãs das grandes salas de cinema.

Tema por diversas vezes abordado neste espaço, relembra-nos a importância dos festivais de cinema nacionais como espaços privilegiados de emergência e divulgação das obras que por cá se fazem; relembra-nos a importância dos programadores culturais (cineclubes, cineteatros e associações), que se desdobram como alternativa de bom cinema ao espetador; relembra-nos atos corajosos como o de João Botelho ao encarregar-se da vida de “Desassossego” desde a produção à sua circulação pelo país – em circuito estritamente cultural; relembra-nos toda a imprensa e crítica que seriamente promove a reflexão e debate sobre o pulsar do cinema português. Relembra-nos, evidentemente também, o empenho da Igreja em reforçar o diálogo com cineastas e pensadores do cinema nacional: com os Prémios Signis e Árvore da Vida; em ciclos de cinema como o da Capela do Rato, com filmes e a presença de realizadores portugueses; em encontros com as artes como os da diocese do Porto; com o projeto de investigação sobre a relação entre o cinema e a Igreja em Portugal, e tantas outras iniciativas que cada vez se revelam mais importantes!

Apela-nos no entanto também para a importância que cada um de nós, espetador, tem na exigência, procura e divulgação do cinema português que nos enriquece, nos interpela e nos transforma.

Margarida Ataíde

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