Porto, 23 fev 2012 (Ecclesia) – O bispo do Porto considera que é preciso recuperar os laços entre vizinhos e sublinha que a vaidade e a ambição conduziram ao esquecimento das necessidades dos mais desfavorecidos.
Na missa de Quarta-feira de Cinzas, a que presidiu na Sé portuense, D. Manuel Clemente vincou que há “apelos redobrados” para refazer “vizinhanças”, na sequência das notícias que alertam para a existência de “muita gente” que vive e morre só “mesmo ao pé da porta”.
“Não foi o autocomprazimento, a autoimposição dos desejos, a demorada ambição do ter, do parecer ou do poder que nos fez olvidar os outros, bem como o significado autêntico da vida e da convivência?”, questionou o vice-presidente do episcopado português, segundo homilia publicada no site da Diocese do Porto.
Para o Prémio Pessoa 2009 “o ‘ser visto’ e apreciado pelos outros, segundo os critérios do sucesso, da fama e da moda, pesaram muito nos objetivos, como sobrepesam agora nas frustrações e desistências”.
“Quando nos esvaziarmos de nós para sermos de Deus, haverá lugar para todos”, frisou D. Manuel Clemente, que pediu aos católicos para encararem a Quaresma “como possibilidade e não como peso”.
O prelado anunciou que o Fundo Social Diocesano vai continuar a ser o destino da renúncia quaresmal, prática em que os fiéis abdicam da compra de bens adquiridos habitualmente noutras épocas do ano, reservando o dinheiro para uma finalidade especificada pelo bispo.
D. Manuel Clemente revelou que o Fundo Social distribuiu desde a última Quaresma 182 500 euros, “especialmente através das Conferências de São Vicente de Paulo e da Cáritas Diocesana, contemplando ainda diversas instituições de solidariedade”.
A Quaresma, que começou nesta Quarta-feira de Cinzas, é um período de 40 dias, excetuando os domingos, marcado por apelos ao jejum, partilha e penitência, que servem de preparação para a Páscoa, a principal festa do calendário cristão.
RJM