Quaresma: Bispos portugueses deixam alertas em tempo de crise

Mensagens episcopais recordam casos de pobreza e solidão

Lisboa, 22 fev 2012 (Ecclesia) – Os alertas sobre a pobreza e a solidão em Portugal marcam presença nas mensagens que vários bispos católicos dirigiram às suas dioceses para o tempo da Quaresma, que hoje se inicia com a celebração das cinzas.

D. José Alves, arcebispo de Évora, diz que todos os dias “crescem as dificuldades” e lembra, em particular, “os casos de pessoas de idade avançada que vivem sozinhas e chegam mesmo a morrer sem que alguém se tenha dado conta, durante semanas, meses e até anos”.

Também o bispo de Aveiro lamenta os casos de idosos que morreram sozinhos, apelando aos cristãos para cuidarem dos mais velhos.

“Neste Ano Europeu do Envelhecimento Ativo e do Diálogo Intergeracional e em flagrante contraste com quanto nesta iniciativa se pretende, temos sido confrontados pelas notícias frequentes de idosos sós, condenados a morrer ao abandono”, escreve D. António Francisco dos Santos.

D. Manuel Felício, bispo da Guarda, alerta, por sua vez, para o aumento dos pedidos de “ajuda material”, na ausência dos “meios elementares de subsistência”.

“Já há falta de meios para atender às necessidades e a evolução dos acontecimentos faz-nos prever que as dificuldades vão aumentar”, assinala.

Num tempo “particularmente difícil”, D. José Policarpo, cardeal-patriarca de Lisboa desafiou os católicos a integrarem o lote das “vozes” que estão a tentar “suscitar a esperança” em Portugal.

O bispo de Beja, por seu lado, desafiou os cristãos a adotarem uma postura de maior responsabilidade social e religiosa, no sentido de participarem na “prevenção ou cura” dos “males” que atingem atualmente a sociedade.

“Peço apenas para vivermos este tempo com um olhar mais atento a quem nos rodeia, sobretudo aos que mais sofrem, corporal ou espiritualmente”, realça D. António Vitalino, numa mensagem em que se faz referência ao caso de Francisco Esperança, um homem de 59 anos que no dia 13 de fevereiro foi detido e acusado de assassinar a mulher, a filha e a neta, em Beja, e que quatro dias depois foi encontrado morto na sua cela, no Estabelecimento Prisional de Lisboa.

O bispo de Portalegre-Castelo Branco, D. Antonino Dias, defendeu na sua mensagem que é preciso “cumprir o acordado e assumir a dívida”, por considerar que é esta a causa da “grande crise” que afeta os portugueses.

Já D. Manuel Pelino, bispo de Santarém, alerta para “os valores em moda, a vaidade, a preocupação pela aparência, a satisfação dos instintos naturais”, que levam a “relativizar e a confundir o bem e o mal”.

D. António Marto, bispo de Leiria-Fátima, apela a “cultivar e alimentar” uma “espiritualidade do compromisso social e da santificação no mundo”.

Na mensagem para a Quaresma e Páscoa, D. Anacleto Oliveira, bispo de Viana do Castelo, pede aos fiéis para não cederem à “tentação do proselitismo, exigindo a fé em Deus como moeda de troca pelo bem” feito pela Igreja.

Em Lamego, D. António Couto fala na necessidade de rasgar “avenidas de nova sensibilidade, de abrir caminhos de caridade mais intensa”.

O arcebispo de Braga, D. Jorge Ortiga, desafiou as comunidades da diocese a promoverem uma “cultura do partilhar”, saudando ainda a realização das capitais europeias da Cultura e da Juventude em 2012 neste território.

A Quaresma é um período de 40 dias, excetuando os domingos, marcado por apelos ao jejum, partilha e penitência, que serve de preparação para a Páscoa, a principal festa do calendário cristão, que este ano se celebra a 8 de abril.

RJM/JCP/LFS/OC


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Agência ECCLESIA

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