Bispo de Santarém anuncia que a Caritas escalabitana e diocese iraquiana de Kirkuk vão receber dinheiro da renúncia quaresmal
Santarém, 20 fev 2012 (Ecclesia) – O bispo de Santarém considera que os “prazeres do mundo” são insuficientes para a felicidade humana e sublinha que a renúncia e o sofrimento são essenciais durante a Quaresma, para que a Páscoa seja vivida com satisfação.
“Os valores em moda, a vaidade, a preocupação pela aparência, a satisfação dos instintos naturais levam-nos a relativizar e a confundir o bem e o mal”, escreve D. Manuel Pelino na mensagem quaresmal publicada no site da diocese escalabitana.
O responsável refere que toda a pessoa é tentada “a procurar a felicidade nos ídolos sedutores do poder, do dinheiro, dos prazeres do mundo”, que “são mais atraentes do que o caminho de Deus”.
Do jejum preconizado pela Igreja Católica para o primeiro dia da Quaresma, que se assinala nesta Quarta-feira de Cinzas, “até à alegria da Páscoa” decorre “o processo de conversão”, que “se for vivido com exigência e sacrifício gera a paz e a alegria”, assinala.
A “vigilância, escuta da Palavra de Deus, oração, jejum e partilha de bens com os necessitados” constituem “exercícios espirituais cuja prática exige esforço mas que se tornam fonte de enriquecimento espiritual”, acrescenta a mensagem intitulada ‘Das cinzas à alegria da Páscoa’.
A penitência “marca o itinerário da quaresma e a luz da Páscoa”, a começar nesta Quarta-feira, quando nas missas o padre impõe cinzas sobre a cabeça dos fiéis, rito que evoca o arrependimento pessoal e traduz, mediante esse “pó”, a “pobreza” e a “fragilidade” da vida humana.
A diocese de Santarém, 80 km a norte de Lisboa, elaborou um caderno com reflexões quaresmais baseado no Apocalipse, o último livro da Bíblia.
“Exercício também muito oportuno é o retiro, tempo de silêncio que favorece o diálogo interior com Deus”, frisa D. Manuel Pelino, que pede aos padres para oferecerem aos paroquianos um dia “com momentos de silêncio, de escuta e de oração”.
O prelado destaca a importância do sacramento da reconciliação (confissão), onde a “misericórdia” divina “cura as feridas espirituais” e “rejuvenesce” a vida cristã.
Depois de recomendar a ponderação da mensagem do Papa Bento XVI para a Quaresma, intitulada ‘Prestemos atenção uns aos outros para nos estimularmos ao amor e às boas obras’, D. Manuel Pelino apela aos fiéis que apoiem os mais necessitados.
“A austeridade nos alimentos ou a privação de algumas distrações ou gastos supérfluos na quaresma são um sinal de liberdade e de solidariedade e permitem a partilha com quem precisa de ajuda”, aponta.
A Caritas diocesana de Santarém e a diocese iraquiana de Kirkuk, 300 km a norte de Bagdad, vão ser o destino em partes iguais da renúncia quaresmal, prática em que os fiéis abdicam da compra de bens adquiridos habitualmente noutras épocas do ano, reservando o dinheiro para uma finalidade especificada pelo bispo.
D. Manuel Pelino informa que a renúncia de 2011 obteve cerca de 37 mil euros, metade encaminhada para ajuda às vítimas do tornado na região de Tomar e a restante para o ‘Fundo Social Solidário’ da Conferência Episcopal Portuguesa, “constituído para apoio a necessidades provocadas pela crise”.
A Quaresma é um período de 40 dias, excetuando os domingos, marcado por apelos ao jejum, partilha e penitência, que servem de preparação para a Páscoa, a principal festa do calendário cristão.
RJM