Portugal «tem de refletir sobre esta sangria», diz presidente da Federação Portuguesa pela Vida, Isilda Pegado
Lisboa, 10 fev 2012 (Ecclesia) – A presidente da Federação Portuguesa pela Vida (FPV) afirmou hoje que considera “muito preocupante” a perda de mais de 80 mil vidas desde 2007 por causa do aborto, cinco anos depois do segundo referendo sobre o assunto.
“O país tem de refletir sobre esta sangria que se está a fazer por via da legislação do aborto”, disse Isilda Pegado à Agência ECCLESIA, acrescentando que as cerca de 30 instituições associadas à Federação verificam que as mulheres, “em larga maioria” recorrem à interrupção voluntária da gravidez “por falta de apoios”.
A FPV divulgou esta quinta-feira um estudo baseado em dados da Direção Geral de Saúde onde se indica que desde 2007 se realizaram em Portugal mais de 80 mil abortos “por opção da mulher”, dos quais perto de 13 500 foram repetições.
“Como já foi dito por muitos que defenderam o ‘sim’ [à despenalização], o aborto está a tornar-se um método contracetivo e um caso de saúde pública”, sublinhou a advogada, que refuta o argumento de que a legalização tornou as interrupções voluntárias de gravidez mais seguras.
Isilda Pegado lembra que em 2010 faleceu uma mulher por “aborto medicamentoso, devido à interação com outros medicamentos”, o que, segundo os dados oficiais, nunca tinha acontecido desde os anos 80, quando a interrupção voluntária era clandestina.
“Muitas têm sido as complicações do aborto legal. E quando nos venderam a ideia de que ele era seguro, houve uma mentira transmitida ao povo português. Cinco anos volvidos verifica-se que o aborto legal não é seguro”, sublinhou.
A antiga deputada do PSD observou que a interrupção voluntária de gravidez, “seja clandestina ou legal, é sempre um mal”, dado que a legalização “aumentou o número de abortos, não os tornou seguros e não contribuiu para a felicidade do país e das mulheres portuguesas, além de ter ceifado a vida de mais de 80 mil crianças”.
O bispo do Porto, D. Manuel Clemente, afirmou hoje que a Interrupção Voluntária da Gravidez em hospitais públicos “foi convertida em método contracetivo”, deixando o problema humano por resolver.
A lei de 2007, aprovada no seguimento do referendo realizado a 11 de fevereiro desse ano, institui o fim da penalização da interrupção voluntária da gravidez a pedido da mulher até às 10 semanas de gestação.
A consulta aos portugueses limitou-se a responder à questão de se saber “se as pessoas que fazem aborto devem ou não ser punidas, em que circunstâncias e até onde”, disse D. Manuel Clemente à Agência Lusa.
O “acerto de discussão naquilo que realmente está em causa” continua por fazer, frisou o vice-presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, que lamenta o facto de não se estar a ponderar “o respeito pela vida”.
A Federação Portuguesa pela Vida organiza hoje um encontro em Lisboa para apresentação de um estudo sobre a realidade do aborto legal a partir dos números da Direção Geral de Saúde.
A sessão, que começa às 18h00 na Livraria Férin, inclui uma mesa redonda com os Grupos Parlamentares da Assembleia da República moderada por Isilda Pegado, refere o site da FPV.
RJM