Diocese estava sem bispo residente desde o início da República, pelo que a entrada do prelado «não foi fácil nem serena»
Beja, 09 fev 2012 (Ecclesia) – A vida de D. José do Patrocínio Dias, bispo de Beja entre 1922 e 1965, é objeto de uma exposição que decorre na cidade alentejana até 29 de fevereiro.
A mostra é composta por fotografias, documentos escritos, objetos pessoais e da época, explica um texto enviado à Agência ECCLESIA pela irmã Teresa Guerreiro, membro da Congregação das Oblatas do Divino Coração, fundada pelo prelado em 1926.
“Destaca-se pela estética o espaço referente ao tempo de capelão, em que a colaboração do Regimento Militar de Beja prestou um generoso contributo para a reconstituição, em miniatura, do ambiente nas trincheiras”, salienta a religiosa.
A iniciativa realiza-se na sequência da evocação dos 90 anos da entrada na diocese de D. José do Patrocínio Dias (1884-1965), que “trazia consigo as medalhas e o prestígio de Capelão Militar na I Grande Guerra”.
“Nesses tempos conturbados política e socialmente, a diocese não tinha Bispo residente desde o início da República [1910]”, pelo que a entrada do prelado em Beja, a 5 de fevereiro de 1922, “não foi fácil nem serena” e “esteve longe de ser triunfal”, recorda.
A ação do bispo aumentou o número de sacerdotes: “Quando chegou tinha 17 padres para 144 paróquias, metade deles já incapazes para o extenso campo que lhes correspondia”, e durante a sua missão episcopal “ordenou mais de setenta”, além de ter determinado a construção do atual Seminário.
D. José do Patrocínio Dias também deixou marcas no apoio aos mais carenciados na diocese de Beja, 170 km a sueste de Lisboa: “Muito do que ainda hoje existe na área da saúde, da assistência social e da solidariedade no seu conjunto, vai enraizar em instituições ou espaços que tiveram início nessa época”, indica a irmã.
Entre as instituições criadas pelo bispo nascido na Covilhã inclui-se um “lar para idosos, hospital, acolhimento de crianças, a distribuição diária de muitas centenas de sopas” e a “construção de casas”.
“Em 1953, trinta anos depois de dar início à sua enorme tarefa, publicou uma carta pastoral muito importante para a diocese e o distrito de Beja”, onde frisava “que é preciso dar de comer a quem tem fome, construir casa a quem não tem, espalhar a fé”, aponta o texto.
A exposição está patente numa casa pertencente à Congregação das Oblatas, no Largo de Santa Maria, perto da igreja com o mesmo nome, podendo ser visitada mediante marcação prévia com a irmã Natália, através do telemóvel 91 786 20 37.
“D. José é uma figura discreta na história geral dessa época, mas uma grande figura na vida concreta do seu Alentejo. Hoje pode ainda ser uma fonte de esperança”, realça o artigo.
RJM