Educação: Universidades fomentam «viragem civilizacional»

Cardeal-Patriarca de Lisboa participou na sessão solene dos 45 anos da Universidade Católica e desafiou instituição a primar pela «construção da sabedoria»

Lisboa, 04 fev 2012 (Ecclesia) – O cardeal-patriarca de Lisboa considera que a “viragem civilizacional” que o mundo está a atravessar, exige um contributo mais forte da parte das instituições educativas, sobretudo ao nível da busca da “sabedoria”.

“O que se está a passar hoje não é uma questão pontual, de mais ou menos dinheiro, é uma viragem de civilização. E estará a Universidade verdadeiramente consciente de que não haverá viragem sem construção de sabedoria?”, questionou D. José Policarpo, esta sexta-feira, durante a sessão solene comemorativa dos 45 anos da Universidade Católica Portuguesa.

Na qualidade de magno chanceler da instituição, o cardeal-patriarca reconheceu os “passos muito importantes” que têm sido dados, em áreas como a ciência e a tecnologia.

No entanto, para que a UCP possa ser “digna do percurso que percorreu”, deve primar também pela transmissão de uma sabedoria que “é tão somente um ideal de vida humana, pessoal e comunitária, uma utopia de perfeição, reveladora de caminhos e inspiradora de desejos”, salientou.

“Sabedoria tem como base a cultura e a crise que estamos a atravessar deve-se sobretudo a um grande défice cultural. Esta é a porta aberta para o futuro”, desafiou D. José Policarpo.

Um repto que não passou ao lado do reitor da UCP que, em declarações à Agência ECCLESIA, sublinhou a vontade da instituição em “estar na primeira linha” em termos de educação da sociedade mas também da sua “evangelização”.

Manuel Braga da Cruz destacou a importância de “dar à ciência a consciência dos seus limites”, de “evangelizar a cultura, que parece ter perdido a noção entre a verdade, a beleza e a bondade” e de servir como ponto de viragem para uma “sociedade minada pelo individualismo, corroída na sua coesão, na sua capacidade de inserção e inclusão”.

Responder aos problemas que afetam atualmente os jovens, no meio da crise económica e social, é outro dos desafios essenciais para a instituição, que “com a secularização da sociedade recebe cada vez mais jovens que nunca receberam uma cultura católica de raiz”.

“Isso obriga-nos a ter uma capacidade de transmissão evangélica totalmente nova, a que não estávamos habituados e temos que nos preparar para isso”, acrescentou aquele responsável.

A sessão solene comemorativa dos 45 anos da UCP, que vão ser assinalados este domingo um pouco por todo o país, contou com a participação de centenas de alunos, funcionários, e representantes das mais diversas áreas sociais.

Destaque para a presença do núncio apostólico (representante diplomático da Santa Sé) em Portugal, D. Rino Passigato, e do secretário de Estado do Ensino Superior, João Filipe Queiró.

O programa da iniciativa, realizada no auditório Cardeal Medeiros, incluiu a distribuição de medalhas de prata aos funcionários que completaram 25 anos de serviço na UCP e a distinção de figuras da sociedade civil que ajudaram a instituição, ao longo dos anos.

“Somos um sonho antigo que se tornou realidade graças a um punhado muito vasto de boas vontades, de generosidades, de entusiasmos, de doações anónimas, de orações humildes, de amizades devotadas”, salientou Manuel Braga da Cruz.

JCP

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