Portugal: Padres do Norte desvalorizam vaga de frio

«Andei hoje pela rua e toda a gente se ri do alarmismo transmitido pelos meios de comunicação social», diz sacerdote da Guarda

Lisboa, 03 fev 2012 (Ecclesia) – A vaga de frio que está a atingir Portugal continental não afeta as populações do interior Norte nem prejudica as celebrações litúrgicas, consideram três padres contactados hoje pela Agência ECCLESIA.

“A vida continua normalmente, sem nada de extraordinário. A diferença é que este ano o inverno vai frio mas seco”, afirmou o padre António Ferreira, pároco de Salto, na diocese de Vila Real, 420 km a norte de Lisboa, para onde se prevê uma temperatura mínima de cinco graus negativos este sábado.

As dificuldades nas deslocações ocorrem quando ao frio se junta à chuva: “Aqui não há transportes públicos e muitas pessoas deslocam-se a pé, pelo que nessas ocasiões diminui a presença nas missas”, explicou.

O Compêndio do Catecismo da Igreja Católica determina a obrigatoriedade da participação na eucaristia dominical mas estes párocos consideram que há atenuantes: “Não se pode censurar as pessoas porque elas têm de pensar na sua saúde”, observou o sacerdote de 39 anos.

“Temos de ser humanos e entender as circunstâncias do clima”, realçou por seu lado o padre César Maciel, prior de Castro Laboreiro, na diocese de Viana do Castelo, 470 km a norte da capital.

As igrejas “são muito frias numa situação normal, e agora ainda mais”, pelo que se nota “diferença na participação”, relatou o pároco de 29 anos, que “por precaução” não se desloca às comunidades quando neva.

“No inverno as deslocações são mais perigosas por causa do frio e da neve mas estamos preparados: temos pneus e jipes”, referiu o padre António Ferreira, que só se recorda de uma ocasião em que não presidiu às celebrações por causa do rigor invernal.

Nas comunidades rurais as relações de proximidade impedem o esquecimento dos idosos: “As pessoas vivem sozinhas mas todas se conhecem. Não acontece que estejam doentes ou morram sem ninguém dar conta. Os vizinhos dão logo pela falta de alguém se passa um ou dois dias sem que seja visto”, disse.

O padre José Manuel Almeida, prior de Celorico da Beira, na diocese da Guarda, 350 km a norte de Lisboa, que amanhã também espera uma temperatura mínima de cinco graus negativos, desvaloriza o arrefecimento.

“Andei hoje pela rua e toda a gente se ri do alarmismo transmitido pelos meios de comunicação social”, contou o pároco de 54 anos, que acrescentou: “Os idosos estão habituados a muito mais frio pelo que isto é uma brincadeira”.

A opinião é partilhada pelo padre César Maciel: “Notamos mais frio mas não é demasiado excessivo, como muitas vezes é apresentado nos boletins meteorológicos”.

RJM

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Agência ECCLESIA

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