Lisboa: Patriarca alerta para divisões

D. José Policarpo diz que visões individuais «enfraquecem» presença da Igreja na sociedade

Lisboa, 24 jan 2012 (Ecclesia) – O cardeal-patriarca de Lisboa manifestou-se hoje contra as “divisões” e o individualismo dentro das comunidades católicas, sublinhando que as mesmas “enfraquecem a presença da Igreja” na sociedade.

“A ação pastoral tem de promover a vitória sobre a visão individual e, de modo especial, sobre a perspetiva individualista da fé cristã”, disse D. José Policarpo, intervindo na abertura das jornadas de formação permanente do clero de Lisboa, que se prolongam até sexta-feira.

Numa conferência intitulada ‘Sermos Igreja: que Igreja?’, o também presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) disse que todos devem assumir uma missão comum, “relativizando as visões individuais da identidade cristã”.

“O grande desafio pastoral é construir a unidade, apesar da diversidade. Isso exige que todas as expressões eclesiais, pessoais ou grupais, professem a fé da Igreja e não qualquer visão particularista da fé, e estejam em comunhão”, afirmou, perante os padres da diocese.

D. José Policarpo admitiu que “não é fácil” incutir esta primazia da “dimensão coletiva”, lembrando, que “durante muito tempo”, foi dada prioridade à dimensão individual, “vendo a Igreja como uma prestadora de serviços às pessoas”.

Para o patriarca de Lisboa, os católicos devem perseguir o ideal da unidade, que tem como base “a união ao Colégio Apostólico [bispos], a que preside o Santo Padre”.

“A edificação da unidade da Igreja não pode ser assunto de iniciativa privada. Tem na base uma obediência de amor”, indicou.

A intervenção marcou ainda o caráter “universal” da mensagem católica, frisando que “a vida da Igreja tem de estar centrada na caridade”.

Neste contexto, o cardeal-patriarca indicou que “os cristãos são, com todos os outros homens, obreiros da construção de uma sociedade mais digna do homem e que realize o desejo de Deus”.

Aos padres do Patriarcado, D. José Policarpo alertou para o risco de a Igreja se tornar “clerical” por esquecer a “dignidade sacerdotal” de todos os católicos, e estimulou os presentes a fazerem da “celebração cristã da morte” uma situação privilegiada para o anúncio da “vida eterna”.

Esta tarde, as jornadas prosseguem com um painel intitulado ‘A ousadia da profecia no campo da cultura, do social e da política’, com a participação de Guilherme d’Oliveira Martins, João Meneses e Bagão Félix.

OC

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