XII Encontro de Formação de Agentes Sóciopastorais das Migrações chegou ao fim, lembrando quem está a sair de Portugal
Fátima, Santarém, 22 jan 2012 (Ecclesia) – O trabalho da Igreja Católica com os migrantes deve incluir as dimensões da evangelização e do “apoio social”, refere o comunicado final do XII Encontro de Formação de Agentes Sociopastorais das Migrações que hoje terminou, em Fátima.
No documento enviado à Agência ECCLESIA, assume-se o princípio da “cooperação pessoal e institucional” como “critério prioritário de ação” de um setor da pastoral da Igreja na coordenação da Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana.
Com a reformulação dessa estrutura da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), na sua última Assembleia Plenária, o trabalho Igreja Católica de ação social e os projetos relativos às comunidades migrantes, em Portugal e na diáspora portuguesa, são coordenados pela mesma Comissão Episcopal (da Pastoral Social e Mobilidade Humana).
Por esse facto, os cerca de cem participantes neste XII Encontro de Formação afirmam a necessidade de procurar “sinergias estruturais e complementaridade operacional”, envolvendo também a Comissão Episcopal “na procura de soluções em que se aproximem as duas dimensões do trabalho com os migrantes”.
O documento refere ainda a necessidade de trabalhar em parceria com “estruturas da administração pública, da sociedade civil, da Igreja Católica e de outras Igrejas, a nível nacional e internacional, em ordem ao esclarecimento dos migrantes e à respetiva integração em contextos interculturais”.
Com o aumento da emigração portuguesa, o texto manifesta “a solidariedade e a compreensão” para com quem decide deixar Portugal, constata o “empobrecimento” que essas saídas originam e desafia “à manutenção de laços com Portugal, contribuindo de forma criativa para o seu desenvolvimento”.
Segundo o texto conclusivo, serão cinco milhões e meio os portugueses a viver no estrangeiro, aos quais se somaram, em 2011, outros 120 mil cidadãos, um “número nunca atingido durante as décadas de maior emigração portuguesa, como nos anos 60” do século passado.
Os números da imigração, ao contrário, decrescem “devido à situação sócioeconómica do país” e, segundo o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, são 435 mil os imigrantes em Portugal.
Para os participantes, os fluxos migratórios desafiam a uma “mudança de paradigma em relação à mobilidade humana”, fator que caracteriza todas as pessoas, também os portugueses habituados a fazer do “território nacional um local de «partidas» e «chegadas»”, assumindo as migrações “como oportunidade de desenvolvimento pessoal e global, das sociedades de origem e de destino”.
No documento denunciam-se as situações em que acontece a “discriminação salarial” e no “acesso ao mercado de trabalho” e aponta-se como “critério de convivência social a igualdade de direitos e deveres entre toda a população, nacional ou estrangeira”.
Segundo o texto, apresentado aos participantes no final dos trabalhos, é necessário formar “comunidades, missionárias ou paroquiais, onde aconteça uma troca de saberes e de sabores entre participantes de diferentes culturas, etnias ou religiões”.
O XII Encontro de Formação de Agentes Sociopastorais das Migrações assinalou também o início das comemorações dos 50 anos de fundação da Obra Católica Portuguesa de Migrações, uma das instituições organizadoras desta iniciativa em parceria com a Caritas Portuguesa e a Agência Ecclesia.
PR