Família: Portugal tem de contrariar «pesada estatística» de divórcios, uniões não institucionais e poucos nascimentos

Voltar atrás no reforço na unidade familiar seria «tremenda tragédia civilizacional», afirmou bispo do Porto

Lisboa, 02 jan 2012 (Ecclesia) – O bispo do Porto considera que Portugal deve dar à família a “primazia legal que indubitavelmente merece”, combatendo assim os fatores que causam a sua desagregação, dado que ela é o “maior e mais pedagógico sustentáculo da sociedade”.

Há “tanto a fazer, para contrariar, pela positiva, a pesada estatística de divórcios, uniões não institucionais, poucos nascimentos e pessoas sós”, salientou D. Manuel Clemente na missa do primeiro dia de 2012, segundo a homilia publicada no site da diocese portuense.

A importância que “todos” reconhecem à família, “por motivos religiosos ou humanitários”, deve implicar que se deem aos novos agregados “condições materiais e institucionais” que os tornem “mais sustentáveis e até apetecíveis”, sustentou o vice-presidente da Conferência Episcopal Portuguesa na celebração realizada na sé do Porto.

Depois de reivindicar “apoio social” para as famílias, D. Manuel Clemente defendeu a planificação da sociedade e do trabalho em função da “unidade” dos agregados, que devem ser constituídos por casais de ambos os sexos e dispostos a conceber e criar filhos.

“Falo, obviamente, da família que mantenha o específico do que sempre manteve, apesar das diversidades étnicas e culturais que também conheceu: a complementaridade feminino-masculino e a abertura à geração”, ressalvou.

O responsável acentuou o “grande número de casais” que assinalam as bodas de prata e ouro de matrimónio e realçou que há “muito mais e melhor, no que à família e à sua estabilidade diz respeito, do que a monotonia dos seus tão publicitados desaires dá a entender”.

Para D. Manuel Clemente o “individualismo que por aí alastrou”, e que é “uma das causas da presente crise”, torna notório que as famílias “ainda são porto de abrigo para muitos dos que mais a sofrem, por súbita falta de meios materiais ou de apoio afetivo”.

“Estamos em tempo de crise, mas sobretudo de sair dela. Não deixemos então que os mesmos fatores individualistas ou economicistas que negativamente a provocaram prevaleçam agora, ainda que doutra maneira, sobre os fatores familiares e personalistas que foram por demais esquecidos”, acrescentou.

O historiador lembrou a contribuição dos cristãos para o reforço da “família humana”, nomeadamente através da dignificação da mulher, pais, filhos e idosos, tendo alertado que “voltar atrás” nesses aspetos “seria uma tremenda tragédia civilizacional, com graves riscos para a solidariedade e a paz”.

“Das famílias que tivermos e mantivermos extrairemos nós o ideal e os gestos que a sociedade finalmente há de ter”, apontou o Prémio Pessoa 2009 na homilia, sublinhando não ser “por acaso” que os presépios montados na quadra do Natal “mantêm tanto poder evocativo e pacificador”.

Na data em que os católicos celebraram a solenidade de Santa Maria Mãe de Deus, D. Manuel Clemente pediu aos “cristãos e não cristãos” que lessem o texto do Bento XVI para o Dia Mundial da Paz, que a Igreja também assinalou a 1 de janeiro.

“Vivemos num mundo em que a família e até a própria vida se veem constantemente ameaçadas e, não raro, destroçadas”, disse o bispo do Porto, citando o Papa no documento intitulado “Educar os jovens para a justiça e a paz”.

RJM

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