Bento XVI recebeu novos embaixadores da Guiné-Bissau, Moçambique e nove outros países
Cidade do Vaticano, 15 dez 2011 (Ecclesia) – Bento XVI afirmou hoje no Vaticano que a interdependência que a humanidade vive na era da globalização deve ser vista como “uma vantagem, não como ameaça”.
“Somos todos responsáveis por todos e é importante ter uma conceção positiva da solidariedade”, disse o Papa a onze novos embaixadores não-residentes na Santa Sé, incluindo os representantes diplomáticos da Guiné-Bissau e Moçambique.
Este discurso, divulgado pela sala de imprensa da Santa Sé, aludiu à importância dos meios de comunicação social, “que ligam todas as regiões do planeta” e à facilidade de deslocação e de criação de “laços comerciais”, que tornam as economias “interdependentes”.
Segundo Bento XVI, estes fatores associam-se a “desafios que assumem uma envergadura mundial de tal ordem, como a salvaguarda do ambiente, a importância dos fluxos migratórios, que os homens compreenderam que tinham, de ora em diante, um destino comum”.
“Os novos desafios que os vossos países se encontram hoje a enfrentar exigem, certamente, uma mobilização de inteligências e de criatividade do homem para combater a pobreza e para uma mais eficaz e mais correta utilização das energias e dos recursos disponíveis”, declarou aos diplomatas presentes.
O Papa apelou a um “desenvolvimento humano integral” que permita à humanidade “avançar para a sua realização” e lutar contra “os males sociais que são o desemprego, a criminalidade e o não respeito pela pessoa”.
“A preocupação pelo destino das gerações futuras conduz a um avanço significativo na perceção da unidade do género humano”, prosseguiu, alertando contra “lógicas de poder que levam à desagregação da sociedade e acentuam a pobreza”.
Neste contexto, a intervenção papal destacou a importância da “solidariedade entre geração” que encontra a sua “radicação natural na família”.
“Encorajo cada um, qualquer que seja o seu nível de responsabilidade, particularmente os governantes, a serem inventivos, a investirem os meios necessários para dar à juventude as bases éticas fundamentais”, disse ainda Bento XVI.
À religião, indicou o Papa, compete “ultrapassar os condicionamentos” de interesses particulares e ajudar a reconhecer os “bens universais” que interessam à humanidade, como a paz e a harmonia social.
Em conclusão, Bento XVI deixou votos de que se promova “uma política cultural que favoreça o acesso de cada um aos bens espirituais, valorize a riqueza do tecido social e nunca desencoraje o homem de prosseguir livremente a sua busca espiritual”.
À margem desta audiência, o porta-voz do Vaticano explicou aos jornalistas os motivos que levaram o Papa a não endereçar uma saudação particular, no discurso, a cada um dos embaixadores, nem a pronunciar um texto específico para os diversos países [Trindade e Tobago, Guiné-Bissau, Suíça, Burundi, Tailândia, Paquistão, Moçambique, Quirguistão, Andorra, Sri Lanka e Burquina-Faso].
Segundo o padre Federico Lombardi, este será o procedimento habitual, de ora em diante, por “motivos de simplicidade e uniformidade com os costumes diplomáticos atuais”.
OC