Natal, este ano de 2011?
A celebração do Natal de Jesus Cristo tem sempre lugar. E mais ainda o tem, em tempos de crise, pois que o Natal é precisamente a resposta de Deus ao sofrimento do homem desempregado, preso, doente, em solidão, desorientado ou paralisado pelo egoísmo que o fecha aos outros e a Deus.
Acolher o Amor deste Menino é condição e fruto do Natal de Jesus e dum grande Natal.
Quem acolhe o amor do Deus Menino, com um coração simples e aberto, encontra, seja qual for a sua situação, (nova) luz e esperança para abrir novos caminhos no seu coração e na sociedade, de mãos dadas com os outros, e fica mais disponível para defender a dignidade infinita de cada pessoa: a sua e a dos outros.
Quem acolhe o amor do Deus Menino aprende a cultivar o bem comum, fazendo suas as alegrias, os sonhos e as dificuldades das outras pessoas e partilhando com elas até aquilo de que precisa, em vez de ficar prisioneiro da cultura do “salve-se quem puder”.
Quem acolhe o amor do Deus Menino é capaz de renunciar ao seu justo conforto para ajudar os mais pobres a crescerem de tal modo que não só não precisem de apoio especial, mas que, por sua vez, contribuam para a promoção de outros. E é capaz, moldado pelo Seu amor, de mostrar que é bom e possível e urgente ser justo, verdadeiro, acolhedor e fraterno.
Desejo a todos um Bom Natal, ou seja, um bom encontro e acolhimento deste Menino.
E, alguém dirá, onde encontrar e acolher este Menino?
A todos, crentes ou não, responderei com a liturgia do Advento:
«Agora Ele (Jesus Cristo) vem ao nosso encontro em cada homem e em cada tempo para quem O recebe na fé na caridade».
Aos meus irmãos na fé lembro ainda que este encontro com o Menino «em cada homem», e em especial na pessoa que sofre, se torna mais fácil pela meditação da palavra da Sagrada Escritura, pela participação na Eucaristia, pela celebração da Confissão, pela oração no silêncio do coração.
Fazer-se próximo e acolher o irmão que sofre é condição e fruto dum bom e feliz Natal.
Dando graças por tantos e tão belos gestos de dedicação aos mais pobres – gestos presentes em toda a Diocese, que revelam a caridade mais fina e que são grande sinal de esperança – lembro e proponho um pequeno gesto de acolhimento fraterno, em ordem a um Bom Natal.
Há famílias, que na noite de Natal, abrem a mesa a outras pessoas. É um gesto belo. Convido-o, a fazê-lo, mesmo se não convidar alguém para a sua mesa, entregando na Caritas Diocesana de Setúbal o valor correspondente a esse gesto ou mais ainda. Não vai sentir a sua falta. E a Caritas, cujos meios de apoio aos mais carenciados estão esgotados, dado o aumento de pedidos de ajuda, levará mais longe a luz e o amor do Natal.
Implorando a Bênção de Jesus sobre todos os diocesanos, desejo um Santo e feliz Natal.
D. Gilberto Canavarro dos Reis, bispo de Setúbal