Conferência Episcopal pede aposta no emprego

Nota pastoral fala em «grave crise», criticando crescimento económico «socialmente desigual»

Fátima, Santarém, 13 dez 2011 (Ecclesia) – O Conselho Permanente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) pediu hoje em Fátima uma maior “garantia” de emprego, considerando que o país se deve “mobilizar para responder prioritariamente àquilo que de modo algum pode esperar”.

“É este o caso fundamental do trabalho e do emprego, base indispensável de sobrevivência e dignificação humana; a sua garantia é urgente, mesmo exigindo mais criatividade e solidariedade prática para chegar a todos”, afirmam os bispos, numa nota pastoral intitulada ‘Crise, discernimento e compromisso’.

A taxa de desemprego estimada pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) para Portugal subiu para os 12,9 por cento em outubro, o que faz deste valor o quarto mais elevado entre os 34 países da organização.

O Conselho Permanente do episcopado católico português deixa reparos a um “crescimento económico insuficiente, pouco sólido e socialmente desigual”, apresentando quatro “princípios” da Doutrina Social da Igreja como referências para a resposta à crise: dignidade de cada pessoa, bem comum, subsidiariedade e solidariedade.

Para a CEP, “na presente conjuntura nacional” é em torno do princípio da dignidade que se devem “definir e avaliar as políticas concretas, por mais exigentes que sejam”.

Os bispos destacam ainda a “importância dos apoios familiares e das instituições particulares de solidariedade social, tão esclarecedoras do que uma sociedade pode resolver dinamicamente e tanto mais quanto for respeitado e reforçado o princípio da subsidiariedade”.

A CEP observa que “a sociedade portuguesa vive uma conjuntura difícil, que afeta a generalidade dos seus membros e particularmente aqueles muitos que se viram privados de trabalho e de condições económicas suficientes para o bem-estar próprio e dos seus”.

Para os membros do Conselho Permanente da CEP, a atual crise, “fruto de causas internas e externas”, “pode e deve ser ocasião de discernimento crítico”.

“Fomos atingidos por uma grave crise que, sendo económica e social, não deixa de ser cultural e de convicções”, pode ler-se no documento publicado pela Agência ECCLESIA.

A nota aproveita a proximidade da “celebração do Natal de Jesus” para pedir que “o espírito de fraternidade”, a que esta quadra convida, “tenha concretizações na ajuda a pessoas necessitadas ou a instituições que as servem”.

Os bispos deixam ainda votos de que, neste tempo, se “converta tudo o que é idolatria do lucro, ostentação e despesismo, em estilos de vida sóbria, em que a partilha seja regra de vida e não uma exceção reservada a generosos”.

O Conselho Permanente da CEP é um órgão delegado da assembleia dos bispos católicos, com funções de preparar os seus trabalhos e dar seguimento às suas resoluções, que inclui na sua constituição D. José Policarpo, cardeal-patriarca de Lisboa (presidente da CEP); D. Manuel Clemente (vice-presidente), bispo do Porto; D. Jorge Ortiga (vogal), arcebispo de Braga; D. António Marto (vogal), bispo de Leiria-Fátima; D. Gilberto Canavarro Reis (vogal), bispo de Setúbal; D. António Francisco dos Santos (vogal), bispo de Aveiro; D. Manuel Quintas (vogal), bispo do Algarve; padre Manuel Morujão (secretário).

OC/RJM

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Agência ECCLESIA

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