D. Virgílio Antunes classifica aquele tipo de ministério como um elo «privilegiado» de ligação entre a Igreja e a sociedade, a começar pela família
Fátima, Santarém, 02 dez 2011 (Ecclesia) – O presidente da Comissão Episcopal Vocações e Ministérios (CEVM) disse esta quinta-feira, em Fátima, que faltam “ajustar alguns procedimentos” para que a missão do diácono permanente esteja completamente clarificada.
“A Igreja tem de continuar a ajustar alguns procedimentos, sobretudo alguns tipos de relação, para ver o diaconado na sua perspetiva teológica, pastoral”, sublinhou D. Virgílio Antunes, em declarações à Agência ECCLESIA, durante uma jornada de reflexão intitulada ‘O Diácono Permanente, Fermento de Diaconia, numa Igreja em Missão’.
A iniciativa, que reuniu diáconos e suas famílias, párocos e delegados episcopais para o diaconado nas dioceses, permitiu verificar que este tipo de ministério abre “muitíssimas possibilidades” à Igreja, desde que ela saiba como levá-lo a “produzir os frutos desejados”.
Em causa estão situações em que o diácono, para conseguir dar resposta a solicitações de caráter litúrgico e sacramental, acaba por dedicar menos tempo àquelas que deveriam ser as suas principais atribuições, o exercício da caridade e da evangelização comunitária.
O presidente da CEVM reconhece que há ainda “um longo caminho a percorrer”, sobretudo naquelas dioceses onde “não tem havido tanto contacto” com o diaconado permanente.
Para D. Virgílio Antunes, uma vez que as suas funções estejam consolidadas, os diáconos permanentes poderão assumir-se definitivamente como um elo “privilegiado” de ligação entre a Igreja e a sociedade, desde logo ao nível da família.
“Na quase totalidade dos casos, os diáconos permanentes são homens casados, têm a sua família, estão dentro desse mundo de uma forma muito diferente dos presbíteros e bispos, há um conhecimento direto, uma experiência que podem partilhar, no campo profissional a mesma coisa”, sublinhou.
Para que esta ligação aconteça da melhor forma, os participantes nesta jornada de reflexão deixaram algumas pistas, como a necessidade de uma maior definição do papel das esposas, dentro da missão dos diáconos, e a falta de uma formação cultural e espiritual capaz de responder aos desafios da sociedade de hoje.
“Há um esforço muito grande que se tem que continuar a fazer tanto ao nível das dioceses como a nível nacional, com o trabalho da Comissão”, admitiu o bispo de Coimbra.
O diaconado permanente, restaurado pelo Concílio Vaticano II há mais de 40 anos, é o primeiro grau do sacramento da Ordem, a que podem aceder homens casados (depois de terem completado 35 anos de idade), ao contrário do que acontece com o sacerdócio.
Os diáconos distinguem-se, segundo a doutrina da Igreja, pela “dedicação às obras de caridade e de assistência” e na animação de comunidades ou setores da vida eclesial, presidindo também à celebração de alguns sacramentos.
LS/JCP