Ordenados dos padres estão «numa linha de pobreza», diz novo presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social
Fátima, Santarém, 08 nov 2011 (Ecclesia) – O novo presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social, D. Jorge Ortiga, declarou hoje que “não se pode exigir mais” da Igreja quanto ao apoio social e que os rendimentos dos padres estão “numa linha de pobreza”.
“Não sei se haverá alguém que possa exigir mais da Igreja”, disse o arcebispo de Braga aos jornalistas durante a assembleia plenária da Conferência Episcopal Portuguesa, que decorre de segunda a quinta-feira em Fátima, acrescentando que as instituições católicas “já estão a fazer a sua parte”.
Questionado sobre a possibilidade de o clero diminuir os ordenados como sinal de solidariedade com a população afetada pela baixa dos rendimentos, o responsável respondeu que se trata de “uma questão que cada diocese verá”, dado que “não pertence a uma Comissão Episcopal estar a fazer qualquer determinação”.
“A diocese de Braga já o fez em relação aos seus sacerdotes. Correu muitíssimo bem. Temos o fundo ‘Partilhar com Esperança’, com um suporte económico significativo, constituído quase só pela partilha dos padres”, explicou.
D. Jorge Ortiga, eleito hoje para um mandato de três anos, afirmou que “os sacerdotes estão dentro de vencimentos normalmente pautados numa linha de pobreza”, acrescentando que “poderá haver um caso ou outro que fuja a esta regra, mas é sempre excecional”.
“O que os sacerdotes auferem pelo seu serviço ministerial é um vencimento para uma vida com alguma dignidade e que responda às despesas que o seu trabalho implica”, declarou o anterior presidente da Conferência Episcopal.
O arcebispo está convencido que a situação social se vai “agravar” e vincou que Portugal tem de “criar um clima de maior austeridade e sobriedade, sempre dentro de um parâmetro de vida digna”.
O responsável apelou à concretização de parcerias: “Não vamos esperar que a Igreja possa fazer tudo; sem a colaboração do Estado, particularmente no que diz respeito às Instituições Particulares de Solidariedade Social, muitas de ereção canónica, ela não conseguirá dar resposta a todos os pedidos”.
O novo presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social frisou que “acreditar num Estado social omnipotente ou numa Igreja com capacidade para todos os problemas é uma utopia”, mas manifestou a “esperança muito grande” de que os organismos estatais e eclesiais conseguirão, em “harmonia”, garantir “o mínimo a todos os portugueses”.
Referindo-se à ação dos católicos no âmbito do apoio social, D. Jorge Ortiga considerou “fundamental” a “ajuda em termos de proximidade, que é o grande papel que a Igreja deve desempenhar neste momento”.
No quadro da pobreza o responsável mencionou as “pessoas envergonhadas que não têm coragem para revelar a situação em que se encontram” e referiu que “se a paróquia viver o cristianismo na lógica do amor, irá descobrir esses casos”.
O prelado disse ainda que partilha “a ideia do recurso às fórmulas oriundas da agricultura familiar, que poderão garantir o mínimo, como aconteceu durante muito tempo”.
RJM