D. José Cordeiro centra-se no percurso feito nos seminários e aponta formação dos padres como prioridade
Bragança, 03 nov 2011 (Ecclesia) – A escassez de vocações sacerdotais só pode ser ultrapassada com a “conversão” dos católicos, sublinha o novo bispo de Bragança-Miranda na sua primeira Carta Pastoral, intitulada “O Seminário como um laboratório de esperança para o presente do futuro”.
“Todos nós devemos admitir que não respondemos plenamente a esse chamamento [de Deus e da sua Igreja] nas nossas famílias, nos ambientes de trabalho, nas paróquias, nos movimentos, nas congregações religiosas e institutos seculares, escreve D. José Cordeiro no documento enviado à Agência ECCLESIA.
No texto lançado alguns dias antes da Semana dos Seminários, de 6 a 13 de novembro, o mais jovem bispo português realça que a saída da “crise vocacional” só ocorrerá “se esse processo de mudança de olhar e de mentalidade for sincero e produzir frutos de novidade de vida”.
“A qualidade dos futuros presbíteros depende da seriedade da sua formação”, refere o bispo da diocese transmontana, que centra a Carta nas prioridades educativas dos candidatos ao sacerdócio.
No capítulo dedicado à “formação humana”, o prelado indica as virtudes humanas e capacidades relacionais dos padres, “desde o equilíbrio geral da personalidade” até à aptidão para “carregar o peso das responsabilidades pastorais”, ter um “conhecimento profundo da alma humana” e cultivar o “sentido da justiça e da lealdade”.
Referindo-se à dimensão comunitária, D. José Cordeiro considera que é preciso superar “entraves graves”, como “atitudes individualistas e narcisistas”, “comportamentos de isolamento”, “busca de promoção pessoal”, “competição”, “tendência pelo luxo, pela mordomia e aburguesamento”, “‘intriga eclesiástica’” e “submissão por conveniência”.
A formação espiritual deve incidir na “leitura meditada e orante da Palavra de Deus” e nos sacramentos, ao mesmo tempo que aprofunda “o sentido profundo do humano”, o “valor religioso do silêncio”, a procura de “Cristo nos homens” e a oferta do “dom generoso e gratuito de si mesmo (celibato)”.
“Considerando a prioridade da formação presbiteral, em todas as suas dimensões, a preparação académica qualificada dos formadores” exige da diocese “constante atenção, sacrifícios pastorais e investimento económico”, indica o bispo.
A Carta Pastoral destaca igualmente a necessidade de os sacerdotes estarem permanentemente atualizados, já que “se a vida do padre não é formação permanente, toma-se frustração permanente”.
O acompanhamento dos novos sacerdotes também é focado: “Logo a seguir à ordenação presbiteral o padre é enviado, sozinho, para um vasto conjunto de experiências pastorais”, assinala o prelado, que faz votos para “a solidão, que pode ser experimentada em qualquer idade, nunca seja produzida pelo desleixo da comunhão sacerdotal”.
O antigo reitor do Pontifício Colégio Português em Roma realça que “as testemunhas mais eficazes da vocação ao presbiterado são os próprios presbíteros e os seminaristas.
D. José Cordeiro dispõe de 100 padres, “dos quais 66 dedicados e sacrificados párocos” responsáveis pelas 326 paróquias da diocese, enquanto que a nível de candidatos ao sacerdócio há dois jovens com licenciatura em Teologia, quatro seminaristas maiores e 11 menores (do 7.º ao 12.º ano).
RJM