D. Manuel Clemente disse em encontro inter-religioso que «peregrinação» é uma constante na generalidade dos credos
Lisboa, 27 out 2011 (Ecclesia) – O bispo do Porto afirmou esta quarta-feira que a aproximação das religiões à justiça e paz é um percurso que, apesar de demorado, é necessário para corresponder à vontade de Deus em unir a humanidade.
O “comum caminho” é “uma estrada longa, pois grandes são as distâncias, mesmo entre vizinhos”, disse D. Manuel Clemente num encontro inter-religioso que decorreu na Cidade Invicta, segundo alocução publicada no site da diocese.
“Faz-se a pouco e pouco, em cada passo dado ao encontro dos outros, finalmente próximos”, frisou o prelado na iniciativa realizada no auditório da igreja da Cedofeita para assinalar o encontro que Bento XVI tem hoje em Assis (Itália) com cristãos, judeus e mais de 170 representantes de tradições religiosas, além de quatro não crentes.
Os católicos querem ser, com “todos” os “contemporâneos de diversos credos”, “peregrinos da verdade” e “peregrinos da paz”, sublinhou D. Manuel Clemente, aludindo ao tema das celebrações de Assis, que decorrem 25 anos após o primeiro encontro do género promovido pelo Papa João Paulo II na mesma cidade.
Os fiéis partilham “com muitos outros homens e mulheres de diversos credos” a “certeza” de que a “Vontade divina” os “impele no sentido duma só terra, onde uma só humanidade se realize finalmente na justiça e na paz”, afirmou o prelado no encontro que contou com a presença do presidente da comunidade islâmica do Porto, Abdul Rahman.
O historiador e Prémio Pessoa 2009 recordou que cristãos, judeus e muçulmanos se referem à figura de Abraão, “um homem que saiu da sua terra, rumo àquela que Deus lhe indicasse”, acrescentando que “na generalidade das tradições e dos credos, houve sempre alguém a peregrinar, fora e dentro de si mesmo”.
Os crentes da diocese são chamados a reconhecer Cristo “em cada homem e mulher de qualquer credo, raça ou cultura e assim mesmo os servir com dedicação e humildade redobradas, como tão exemplarmente o fez Francisco de Assis”, apontou D. Manuel Clemente.
“Peregrinação requer desinstalação”, assinalou o responsável pela área da cultura no episcopado português, que realçou a “verdade do caminho” que “leva ao Outro [Deus] e necessariamente aos outros, nos quais ele se espelha”.
RJM