«Poder totalitário» ataca dimensão religiosa

Arcebispo de Moscovo lembra em Fátima momentos da história marcados pelo «silêncio» de Deus

Fátima, Santarém, 13 out 2011 (Ecclesia) – O arcebispo de Moscovo criticou hoje em Fátima o “poder totalitário” que atentou contra a liberdade do homem, privando-o da “recordação viva” de Deus, numa referência indireta aos regimes comunistas na Europa do século XX.

“Não é por acaso que todo o poder totalitário – e a nossa história recente o demonstra tragicamente –  teve como fim principal precisamente este: o de remover no povo a memória, a recordação viva da própria história, e especialmente quanto desta história está ligada à dimensão religiosa”, sublinhou D. Paolo Pezzi, na eucaristia de encerramento.

Perante milhares de peregrinos que marcaram presença na peregrinação de outubro no maior santuário nacional, o prelado italiano realçou que a religiosidade que “o poder deste mundo odeia” deve ser para cada cristão “uma vocação”.

“É na memória da ligação ao Absoluto, ao Mistério de Deus, que reside  ultimamente a raiz da liberdade dos homens em relação a qualquer poder mundano, e por isso mesmo é esta ligação que o poder deste mundo tem interesse em cortar arrancando-o das consciências”, apontou.

A reflexão do arcebispo moscovita – o primeiro a presidir a uma peregrinação em Fátima – sublinhou os “momentos na história nos quais o Senhor, por assim dizer, fica em silêncio”, sem que isso signifique, do seu ponto de vista “que se esqueça do homem”.

D. Paolo Pezzi acrescentou que quando “também o silêncio de Deus é uma palavra”, ainda que no meio das dificuldades.

[[v,d,2601,]]“Precisamente no silencio descobrimos antes de mais o valor daquela palavra que nunca falha,  aquela palavra silenciosa que Ele [Deus] nos dirige em cada instante”, assinalou.

O arcebispo convidou os fiéis a seguirem o exemplo de Nossa Senhora, que através de uma “memória vigilante” de Deus, continua hoje a pedir a cada cristão que não recuse o “chamamento” divino.

“Ela [Maria] disse ‘sim’ e basta. Nós, ao contrário, precisamos sempre de algo diferente. Somos mais complicados. Como se diante da evidência, do poder dos sinais que Deus nos dá para nos ajudar a pronunciar o nosso ‘sim’, nós encontrássemos sempre razões para sermos céticos”, lamentou.

A peregrinação internacional aniversária de 12 e 13 de outubro teve este ano como tema ‘Senhor, eis-me aqui’.

O serviço de informação do Santuário revelou que na missa desta manhã celebram mais de 400 padres e 15 bispos, com a participação de milhares de pessoas, entre os quais 143 grupos organizados vindos de mais de duas dezenas de países.

De acordo com o testemunho – reconhecido pela Igreja Católica – das crianças Francisco e Jacinta Marto (beatificadas em 2000) e Lúcia dos Santos, conhecidas como Pastorinhos de Fátima, ocorreram seis aparições da Virgem Maria na Cova da Iria e imediações, uma a cada mês, entre maio e outubro de 1917.

Durante a última manifestação, a 13 de outubro, milhares de pessoas afirmaram ter assistido ao “milagre do sol”, previamente anunciado em anteriores aparições, que consistiu, entre outros fenómenos, na rápida deslocação da estrela pelo firmamento.

JCP/OC

Notícia atualizada às 13h59

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Agência ECCLESIA

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