Família: «Inovar» na educação cristã

D. António Marcelino, da Comissão Episcopal da Educação Cristã, diz que salvaguardar o «tecido fundamental da sociedade» implica agir para além das «coisas religiosas»

Lisboa, 08 out 2011 (Ecclesia) – A Comissão Episcopal da Educação Cristã (CEEC) considera que a preservação da família depende hoje muito de uma “conversão interior” das pessoas, a começar pela própria Igreja Católica.

“Sem uma visão concreta e objetiva da realidade que estamos a viver, não é possível que a Igreja seja mãe e mestra e há muita gente que anda a atacar os problemas da família como se ainda estivéssemos em 1930 e 40”, alerta D. António Marcelino.

Em declarações ao Programa da Igreja Católica deste domingo, na Antena 1, o coordenador da CEEC abordou os principais desafios que se levantam para as estruturas eclesiais num tempo em que, devido às “mudanças sociais”, a família tradicional “praticamente desapareceu”.

O ritmo do dia a dia, o trabalho, os horários, a falta de tempos próprios entre pais e filhos “dificultam hoje aquilo que é um espaço de serenidade, de abertura ao transcendente, de transmissão de valores”, lamentou o prelado.

Para fazer face a esta realidade, o bispo emérito de Aveiro sustentou que a hierarquia da Igreja não se pode abstrair do que é essencial, mergulhada ela própria numa correria de atividades

“Parar, refletir, estudar, inovar, isso é fundamental, tem de estar atenta a tudo quando pode ajudar a família, não de cima para baixo, porque a força está na própria família, é a partir daí”, sublinhou.

A mensagem eclesial, reforça aquele responsável, deve ir para além das “coisas religiosas”, e incidir na “participação da família em projetos nas escolas, na educação cívica dos filhos, na abertura à vocação, não apenas religiosa, mas de cidadania ativa”.

No encerramento da Semana Nacional da Educação Cristã, este ano dedicada ao tema “Família: Transmissão e Educação na fé”, a CEEC convida as paróquias a favorecerem uma maior ligação com os pais das crianças, mesmo aqueles que andem mais afastados.

“Há muitas famílias cujo cristianismo está muito debilitado mas querem a educação religiosa dos filhos porque sabem que isso é fundamental”, explicou o prelado.

No entanto, essa ligação “depende muito da maneira como a paróquia se comporta, o acolhimento que dá, a alegria que proporciona, como sente as dificuldades dos pais e os ajuda”, acrescentou.

D. António Marcelino confidenciou ainda que encara com “esperança” o lançamento dos projetos de “catequese familiar” que o Secretariado Nacional da Educação Cristã pretende estender a todo o país, envolvendo crianças, adolescentes, jovens e respetivos pais.

“Temos de ter criatividade na pastoral, caso contrário ela está condenada à morte, e hoje temos mais gente especializada neste campo” afirmou o prelado, para quem “uma coisa é dizer que a responsabilidade da família é a educação e outra é dizer: façam esta experiência”.

PTE/JCP

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