Media: Igreja Católica tem de converter-se à comunicação digital para não ficar esquecida

Jornalismo religioso só adquire relevância se estiver na internet: «Temos de publicar conteúdos online para eles terem cidadania»

Fátima, Santarém, 29 set 2011 (Ecclesia) – A presença da Igreja Católica na comunicação social vai depender da sua conversão às atuais tendências da produção de conteúdos multimédia, que conjugam mobilidade, liberdade de escolha e proximidade afetiva.

O futuro aponta para os conteúdos digitais, aposta em plataformas móveis, como telemóveis e ‘tablets’ (computadores do tamanho de uma folha A4) e assenta em comunidades locais, vaticinou hoje Francisco Teotónio Pereira, responsável pela produção multimédia da RTP.

Nas Jornadas Nacionais de Comunicação Social organizadas pela Igreja Católica, que começaram esta tarde em Fátima, o diretor da Agência ECCLESIA, Paulo Rocha, sublinhou que o jornalismo religioso só adquire relevância se estiver na internet: “Temos de publicar conteúdos ‘online’ para eles terem cidadania”.

Durante a mesa-redonda ‘Relevo da comunicação digital’, o responsável frisou que “quem produz as notícias é que tem de as empurrar para junto dos leitores”, através das várias plataformas digitais, nomeadamente as que permitem “relações de proximidade” em redes sociais, multiplicadoras da difusão de conteúdos pessoais e institucionais.

O padre Júlio Granjeia, um dos primeiros sacerdotes portugueses a marcar presença na Internet, salientou que a sua presença neste meio pretende “dar resposta àqueles que querem respostas” e afirmou que o seu site é uma “porta de entrada” muito mais ampla do que a das três paróquias de que é responsável na diocese de Aveiro.

Enquanto que as missas dominicais a que preside contam com 150 fiéis, o site obteve cerca de 300 mil visualizações e os seus vídeos foram vistos mais de um milhão e meio de vezes, números que continuam a crescer graças às eucaristias e catequeses que permitem a intervenção em direto de quem as segue ao vivo pela internet.

Dirigindo-se às cerca de 100 pessoas presentes no encontro, maioritariamente profissionais da informação religiosa, o diretor do Secretariado Nacional das Comunicações Sociais da Igreja Católica, cónego António Rego, lançou um alerta: “Estar online não é simplesmente reproduzir conteúdos, sem os tratar”.

Luís Sobral, responsável pela área digital da informação da TVI, desafiou os presentes a “pensar os programas a partir da interatividade” e a “valorizar os bons utilizadores e não destacar os outros”, uma referência às intervenções nas caixas de comentários e fóruns das televisões e rádios.

José Manuel Fernandes, antigo diretor do jornal ‘Público’, considerou que a internet “abre enormes possibilidades” mas avisou que as respostas aos desafios colocados são “insuficientes” para garantir “o papel nobre do jornalismo”, que é o de fomentar a reflexão e a crítica.

O painel incluiu a apresentação do projeto intermirifica.net, guia dos meios de comunicação social católicos, por parte do padre boliviano Justo Ariel, pertencente ao Conselho Pontifício para as Comunicações Sociais, do Vaticano.

As Jornadas de Comunicação Social, dedicadas ao tema ‘Era digital: Revolução na cultura e na sociedade’, estão a ser transmitidas em direto no portal Sapo, que disponibiliza uma página em tempo real no seu site de vídeos, e em http://www.ecclesia.pt/jornadas2011/.

O encontro prossegue esta sexta-feira com a conferência ‘Era digital e comunicação na Igreja Católica’, proferida pelo presidente do Conselho Pontifício das Comunicações Sociais, o arcebispo italiano D. Claudio Maria Celli.

RJM

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