Vaticano/Portugal: 50 anos à volta do mundo

D. Manuel Monteiro de Castro, atual secretário da Congregação para os Bispos, na Santa Sé, passa em revista percurso diplomático que o levou aos cinco continentes

Santa Eufémia de Prazins, Braga, 14 jul 2011 (Ecclesia) – D. Manuel Monteiro de Castro, secretário da Congregação para os Bispos (Santa Sé), assinala em 2011 o 50.º aniversário da sua ordenação sacerdotal, uma festa que homenageia também um percurso diplomático que passou pelos cinco continentes.

Em entrevista à ECCLESIA, o arcebispo português afirma que, ainda hoje, “o Vaticano continua a ser visto como um uma entidade independente, bem informada”, lembrando que mesmo nos momentos mais tensos da história recente, todos os grandes líderes visitaram o Papa.

Ordenado sacerdote, em Braga, com 23 anos e poucos meses, D. Manuel Monteiro de Castro foi estudar para Roma, sem imaginar que iria correr o mundo ao serviço do Papa e da diplomacia da Santa Sé.

Um percurso de décadas que ganhou maior visibilidade precisamente no seu fim, quando em março de 2000 foi designado como Núncio em Espanha e Andorra.

A partir de 2004, com a chegada ao poder de José Luis Zapatero, cresceu a tensão nas relações Igreja-Estado, mas o arcebispo português afirma que “nunca” tomou posições políticas.

“O representante da Santa Sé deve ter boas relações com o Governo que o povo escolheu”, responde, diplomaticamente, acrescentando: “Ao Governo [de Zapatero], disse sempre o que pensei”.

Vários bispos e padres espanhóis marcarão presença na homenagem promovida no próximo domingo pela freguesia de Santa Eufémia de Prazins, terra natal de D. Manuel Monteiro de Castro, no concelho de Guimarães, juntamente com o cardeal canadiano Marc Ouellet, prefeito da Congregação para os Bispos, bem como o prefeito da Congregação para o Culto Divino, o cardeal espanhol António Cañizares.

Das memórias das missões diplomáticas, o arcebispo português destaca, entre outras, passagem pela Guatemala, entre 1969 e 1972, onde acompanhou o assassinato do embaixador alemão.

“Durante quase duas semanas, fizemos o impossível”, recorda, lamentando um desfecho que acabou por não ser possível evitar.

No Vietname e Camboja, seguiu de perto a guerra (1972-1975), já a poucos quilómetros da Nunciatura: “Procuramos sempre a paz, em qualquer parte do mundo”.

Depois da Austrália, novo momento de tensão, na carreira diplomática, aconteceria no México, onde esteve entre 1978 e 1981, um dos países escolhidos para a primeira viagem internacional de João Paulo II, em janeiro de 1979.

Para além de não existirem relações diplomáticas entre a Santa Sé e as autoridades políticas mexicana, na altura, era mesmo “delito” um ministro de culto estrangeiro “celebrar fora do recinto sagrado”, recorda o prelado.

Apesar das dificuldades previstas, a visita do Papa polaco, “foi um sucesso extraordinaríssimo”.

Arcebispo desde 1985, D. Manuel Monteiro de Castro foi então nomeado representante diplomático do Papa nas Caraíbas e, em 1990, para as nunciaturas em El Salvador e Honduras, tendo acabado por concentrar esforços no primeiro país, que se encontrava em guerra civil, acompanhando o que qualifica como “melhor tratado de paz” a que assistiu, por ter sido levado até ao fim.

No ano de 1998 passou a Núncio na África do Sul, Namíbia, Suazilândia e Lesoto, no final da presidência de Nelson Mandela, antes de rumar a Madrid.

“Em qualquer lugar, trabalhei sempre com todos e creio que a nossa missão é essa”, assinala.

D. Manuel Monteiro de Castro, com 73 anos de idade, é secretário da Congregação para os Bispos desde julho de 2009.

O percurso diplomático do bispo português é apresentado, este Domingo, no programa Ecclesia (na Antena 1, às 06h00) e no programa 70×7 (RTP2, às 09h30).

PTE/OC

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