Governo/Saúde: Momento da verdade

Daniel Serrão manifesta confiança no novo ministro

Lisboa, 21 jun 2011 (Ecclesia) – O médico Daniel Serrão, vencedor do Prémio Nacional de Saúde 2010, manifestou hoje a sua confiança no novo ministro do setor, alertando, contudo, que o Serviço Nacional de Saúde (SNS) não pode ser “emblema de uma qualquer ideologia”.

Em texto publicado na mais recente edição do semanário Agência ECCLESIA, este especialista sublinha que “este é, de facto, um momento de verdade para o SNS que tem de provar que está capaz de reformar o que carece de ser reformado para garantir a sua sustentabilidade, não só financeira mas também política”.

“O SNS vale não por ser emblema de uma qualquer ideologia, mas porque tem valor económico para o país e valor ético e social”, sublinha.

Para o médico portuense, o custo do SNS “tem de ser suportado pela parte do dinheiro dos impostos que for afetada a esta cobertura social”.

“Não é possível imaginar que o nosso país possa voltar a ter cidadãos que não tenham acesso a cuidados de saúde por não terem recursos financeiros para os pagar”, declara.

Serrão, membro honorário da Academia Pontifícia para a Vida (Vaticano), admite que “Portugal, como Estado soberano, está a atravessar um período difícil na gestão da parte da riqueza nacional que é entregue ao governo que o representa”.

“É pois bem evidente que só podemos ter, sem pagar, os cuidados de saúde que o governo possa pagar com os recursos financeiros que destine ou possa destinar a este serviço público”, assinala.

Neste sentido, Daniel Serrão considera que o executivo de Passos Coelho “vai ter de fazer opções dramáticas na área da saúde”, que podem passar por “reduzir os serviços que era suposto serem prestados aos cidadãos” e pela redução de gastos em medicamentos, com o “aumento da parte do pagamento, que é já hoje feito pelas pessoas singulares quando vão à farmácia”.

Serrão fala das “invulgares capacidades” do ministro Paulo Macedo, com quem trabalhou numa companhia de seguros de saúde: “Penso que terá sucesso e que lhe não faltará a sensibilidade social, necessariamente temperada com uma preocupação pela justiça que é seu apanágio”.

O especialista apela a uma “saudável autonomia” das Unidades de Saúde Familiares e à “organização das prestações em ambulatório”, incluindo o transporte de doentes

“Para estas tarefas que são de difícil concretização espero que seja escolhido um Secretário de Estado com as necessárias competências e que seja um médico com experiência clínica e bom conhecimento da realidade do País profundo”, conclui.

Os ministros e dois secretários de estado do novo executivo liderado por Pedro Passos Coelho tomam posse hoje, no Palácio da Ajuda, em Lisboa, estando a primeira reunião do Conselho de Ministros marcada para as 16h00.

OC

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