Religiosidade popular, Portugal em festa

Lisboa, 14 jun 2011 (Ecclesia) – D. António Vitalino, bispo de Beja e presidente da Comissão Episcopal da Mobilidade Humana, considera que as festas populares, particularmente visíveis no período de verão, devem ser repensadas, sem deixar de lado a sua motivação religiosa.

Em entrevista à Agência ECCLESIA, hoje publicada, o prelado assinala que “a religiosidade popular tem de ser repensada e renovada”.

“Com o fluxo dos tempos inserem-se aspetos que não provêm da inspiração evangélica. No entanto, não se pode colocar de lado que o homem necessita de festas, romarias e peregrinações”, observa.

O bispo de Beja admite que “o lado lúdico e cultural é necessário”, mas alerta que “as motivações das festas nem sempre são as mais corretas”.

“Este processo exige muito diálogo e preparação. É fundamental evitar tocar em aspetos sensíveis ou, então, explicar e ver se a reação é positiva. Outras vezes deve permutar-se com outro aspeto que seja mais realista, não se deve entrar em choque” diz António Vitalino.

Além da entrevista ao presidente da Comissão Episcopal da Mobilidade Humana, a mais recente edição do semanário Agência ECCLESIA apresenta um texto do padre Sílvio Couto, responsável pelo setor do “Apostolado do Mar” na Igreja Católica em Portugal.

“Parece-nos que não há nenhum ateu entre os homens que vão para o mar. No entanto, também não encontraremos muitos cristãos assumidos, pois a expressão religiosa parece que pode enfraquecer os ‘lobos do mar’, que, em terra, se tornam quase cordeiros”, escreve.

O sacerdote destaca que “cada homem do mar tem (como que) subjacente uma expressão de crença que talvez só ele – e um pouco a família mais próxima – conhece e que se exprime com os seus rituais”.

“Cada um tem as suas rezas, os seus gestos de boa-sorte e até os hábitos muito pessoais, que quase esconde daqueles com quem trabalha. Com efeito, em certas zonas do nosso país, nas boinas ou nos casacos escondem-se artefactos religiosos mais íntimos, tais como medalhas e símbolos de devoção”, refere.

O frade italaino Fabrizio Bordin escreve, por seu lado, sobre a figura de Santo António, figura de “projeção universal, sendo, muito provavelmente, o mais popular de todos os santos”

“António é um intelectual do seu tempo e o primeiro doutor da Ordem Franciscana, mas esta qualidade é pouco conhecida pelo povo, apesar de ter sido declarado Doutor da Igreja, em 1946, mediante a bula «Exulta, Lusitania Félix», de Pio XII”, recorda.

O delegado provincial dos franciscanos provinciais em Portugal frisa que “António é amado por todo o mundo por ser um santo acessível a todos: intelectuais e iletrados, crentes e não crentes, cristãos e muçulmanos”.

OC

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