Líderes cristãos começaram esta terça-feira a abordar relações com muçulmanos, num encontro acolhido pela cidade italiana de Turim
Turim, Itália, 31 mai 2011 (Ecclesia) – O vice-presidente do Conselho das Conferências Episcopais da Europa (CCEE) afirmou esta terça-feira que a procura do diálogo entre cristãos e muçulmanos é uma realidade em “muitos Estados”, que querem dar-lhe um “enquadramento institucional”.
No entanto, “esse esforço enfrenta atualmente as tensões étnicas, nacionais e ideológicas que atravessam aquelas comunidades” lamentou o cardeal Jean-Pierre Ricard, na sessão de abertura de um encontro sobre diálogo interreligioso, na cidade italiana de Turim.
Até ao próximo dia 2 de junho, bispos e delegados europeus são convidados a refletir sobre “a forma como cada pais europeu olha para o Islão”, e sobretudo “a influência que as imagens de violência vindas do outro lado do Mediterrâneo podem ter, na construção de um sentimento de intolerância europeia contra os muçulmanos”.
“O medo do Islão e a ‘islamofobia’ fazem-se sentir nas nossas sociedades europeias, ligados a uma cadeia de acontecimentos complexos” sublinhou o prelado, apontando para fatores como “o terrorismo internacional, a situação das minorias cristãs em alguns países muçulmanos ou a crescente visibilidade social do Islão na Europa, que tem vindo a alterar a paisagem simbólica de alguns países ocidentais”.
O responsável do CCEE manifestou-se ainda preocupado com o “populismo” que domina “algumas eleições europeias”, e que tem levado a “misturar a rejeição do islamismo com manifestações anti-imigração”.
Uma atitude que, segundo o cardeal Jean-Pierre Ricard, « pode ser encontrada igualmente entre as comunidades cristãs, em particular nos discursos daqueles que se questionam acerca se o Islão não poderá renovar a sua aliança com o marxismo”.
“Tratam-se de matérias que deveremos analisar de modo muito atento” concluiu aquele responsável.
O objetivo final deste encontro de três dias passa, de alguma forma, pela definição de uma “perspetiva comum” das diversas conferências episcopais da Europa, face à maneira de enquadrar e desenvolver o relacionamento com a comunidade muçulmana do Ocidente.
Uma meta que ganhou ainda maior urgência, para os responsáveis da CCEE, depois da onda de revoluções políticas e sociais que atingiu diversas nações árabes, como o Iémen, a Tunísia ou o Egito.
Estes acontecimentos trouxeram para o Velho Continente uma enorme massa humana, com religiões, costumes e tradições diferentes.
JCP