João Paulo II: Novo beato enfrentou sem medo «sistemas políticos e económicos», diz Bento XVI

Papa destaca relação pessoal com o seu predecessor, ao longo de mais de duas décadas

Octávio Carmo, enviado da Agência Ecclesia ao Vaticano

Cidade do Vaticano, 01 mai 2011 (Ecclesia) – Bento XVI afirmou hoje no Vaticano que o beato João Paulo II enfrentou “sistemas políticos e económicos”, incluindo o “marxismo e à ideologia do progresso” para cumprir o seu desafio de viver a fé sem “medo”.

“Karol Wojtyla subiu à sede de Pedro trazendo consigo a sua reflexão profunda sobre a confrontação entre o marxismo e o cristianismo, centrada no homem. A sua mensagem foi esta: o homem é o caminho da Igreja, e Cristo é o caminho do homem”, disse, na homilia da missa a que presidiu, na Praça de São Pedro, diante de centenas de milhares de pessoas.

O atual Papa lembrou as “palavras memoráveis” pronunciadas por João Paulo II na missa de início de pontificado, em outubro de 1978: «Não tenhais medo! Abri, melhor, escancarai as portas a Cristo!».

“Aquela carga de esperança que de certo modo fora cedida ao marxismo e à ideologia do progresso, João Paulo II legitimamente reivindicou-a para o cristianismo, restituindo-lhe a fisionomia autêntica da esperança”, indicou.

Bento XVI disse aos presentes que esta herança “se deve viver na história com um espírito de «advento», numa existência pessoal e comunitária orientada para Cristo, plenitude do homem e realização das suas expectativas de justiça e de paz”.

“Aquilo que o Papa recém-eleito pedia a todos, começou, ele mesmo, a fazê-lo: abriu a Cristo a sociedade, a cultura, os sistemas políticos e económicos, invertendo, com a força de um gigante – força que lhe vinha de Deus –, uma tendência que parecia irreversível”, prosseguiu.

Para o Papa, Karol Wojtyla (1920-2005) deixou atrás de si um “testemunho de fé, de amor e de coragem apostólica, acompanhado por uma grande sensibilidade humana”.

[[v,d,2055,]]Em polaco, também ao som das palmas – apesar de as mesmas terem sido desaconselhadas após o rito da beatificação – Bento XVI falou num “filho exemplar” da Polónia, que “ajudou os cristãos de todo o mundo a não terem medo de se dizerem cristãos, de pertencerem à Igreja, de falarem do Evangelho”.

“Ele conferiu ao cristianismo uma renovada orientação para o futuro, o futuro de Deus, que é transcendente relativamente à história, mas incide na história”, acrescentou.

O atual Papa quis também agradecer a sua “experiência de colaboração pessoal”, com o novo beato, enquanto prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé.

“Durante 23 anos pude permanecer junto dele crescendo cada vez mais a minha veneração pela sua pessoa”, declarou, sublinhando “o exemplo da sua oração”.

Bento XVI disse ainda ter sido a “humildade profunda” do seu predecessor que lhe permitiu “continuar a guiar a Igreja e a dar ao mundo uma mensagem ainda mais eloquente, justamente no período em que as forças físicas definhavam”.

João Paulo II fora proclamado beato minutos antes, debaixo de uma longa salva de palmas, depois de o atual Papa ter lido a fórmula de beatificação, em latim, permitindo que o seu antecessor “possa ser de ora em diante chamado beato”.

Perante os peregrinos e cerca de 90 delegações oficiais, Bento XVI admitiu ter deixado indicações para que esta causa de beatificação “pudesse, no devido respeito pelas normas da Igreja, prosseguir com discreta celeridade”.

“Feliz és tu, amado Papa João Paulo II, porque acreditaste! Continua do Céu – nós te pedimos – a sustentar a fé do Povo de Deus”, concluiu.

OC

Notícia atualizada às 15:20

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