Lisboa, 27 abr 2011 (Ecclesia) – A ressurreição de Jesus, que a Igreja Católica celebra na Páscoa, leva os católicos ao encontro dos que vivem situações de necessidade e mesmo desespero, refere a irmã Maria de Fátima Magalhães.
Na semana da Páscoa, a Agência ECCLESIA apresenta um dossier em que analisa a maneira como a Igreja Católica procura viver essa dimensão central da sua fé, lembrando ainda a abordagem feita pelo Papa na sua última obra, a este respeito.
Maria de Fátima Magalhães destaca o trabalho levado a cabo pelo MTA, Movimento Teresiano de Apostolado, movimento de leigos cristãos que engloba crianças, jovens e adultos “com uma presença muito significativa” em Elvas, localidade alentajana junto à fronteira espanhola, no distrito de Portalegre.
A religiosa fala, entre outros, do projeto «Passos da noite», “junto de marginalizados”, apresentados como “Cristo em agonia em tantas fragilidades humanas”.
A responsável fala nos desafios colocados por “tráficos de desilusões, humilhações, a dignidade humana violada, a vida desrespeitada no corpo humano, o medo, a exploração laboral, a violência doméstica e as crianças em risco”.
[[v,d,2033,A experiência de mulheres e homens que, pela intervenção do Movimento Teresiano de Apostolado, em Elvas, rasgam dependências e reencontram um projecto de vida]]“Ao mesmo tempo descobrimos nesses sofredores desejos de mudança a mesma sede de felicidade, que todos procuramos, mas que a buscam no lugar errado. Experimentamos sinais de ressurreição quando à nossa chegada, na escuta e nos nossos gestos, a nossa presença lhes desperta a Esperança de mudança, de libertação e recuperação”, confessa.
Jacinto Jardim, professor do Instituto Piaget e investigador da UCP, escreve, por seu lado, sobre atitudes necessárias para “vivenciar e expressar a ressurreição de Cristo de um modo positivo, criativo e significativo”, algo que, do seu ponto de vista, “exige lucidez” e para “promover experiências inovadoras”.
“Quem vive como ressuscitado assume atitudes ressuscitadoras e contagia os outros com a sua força interior. E é precisamente disso que precisamos nos ambientes onde vivemos, trabalhamos, educamos, comunicamos”, aponta.
O biblista Júlio Franclim Pacheco, padre da diocese de Aveiro, aborda o tema da ressureição no novo volume do livro «Jesus de Nazaré», assinado pelo atual Papa, e diz que “Bento XVI, ao falar do Ressuscitado, insiste de modo particular no sentido da «corporeidade»”.
“A fé na ressurreição diz-nos que há uma dimensão ulterior, para além das que conhecemos até agora. Esta realidade nova, não constatável pela ciência, querida e criada por Deus é tão real e verdadeira como qualquer outra realidade que sempre existiu”, observa.
“É esta realidade que se impõe às poucas testemunhas como um acontecimento tão revolucionário e real que desvaneceu toda a dúvida e, por isso, se apresentaram diante do mundo para testemunhas que Cristo verdadeiramente ressuscitou”, acrescenta o especialista.
Entre o domingo de Páscoa, que celebrou a ressurreição de Cristo, e 12 de junho (dia de Pentecostes, palavra de origem grega que significa «cinquenta dias»), a Igreja Católica vive o “Tempo Pascal”, o período mais significativo do seu calendário litúrgico.
OC