Bento XVI pediu aos fiéis de Lampedusa para continuarem a acolher os migrantes que na ilha italiana encontram «um primeiro asilo de acolhimento»
Cidade do Vaticano, 27 abr 2011 (Ecclesia) – A Páscoa implica que os cristãos estejam atentos aos mais necessitados e se empenhem na melhoria das condições sociais, sublinhou esta manhã o Papa, durante a audiência geral realizada no Vaticano.
“Cada cristão, assim como cada comunidade, se vive a experiência desta passagem da ressurreição, não pode não ser fermento novo no mundo, dando-se sem reserva pelas causas mais urgentes e mais justas”, afirmou Bento XVI.
No discurso que proferiu na Praça de São Pedro, o Papa referiu que a certeza do céu (como imagem da vida eterna prenunciada pela ressurreição de Cristo) é inseparável do compromisso na terra (alusão à transformação do mundo).
“É verdade que somos cidadãos de uma outra ‘cidade’, onde se encontra a nossa verdadeira pátria, mas o caminho para esta meta deve ser percorrido diariamente sobre esta terra”, realçou.
Os cristãos, “crendo firmemente que a ressurreição de Cristo renovou o homem sem o tirar do mundo no qual constrói a sua história”, devem ser “testemunhas luminosas” da “vida nova” trazida pela Páscoa, frisou Bento XVI.
Para o Papa, a “missão” dos fiéis consiste em “fazer ressurgir no coração do próximo a esperança onde há desespero, a alegria onde há tristeza, a vida onde há morte”, dando “à cidade terrena um rosto novo que favoreça o desenvolvimento do homem e da sociedade segundo a lógica da solidariedade” e da “bondade”.
A alocução de Bento XVI incluiu uma saudação aos católicos da ilha italiana de Lampedusa, onde nas últimas semanas têm chegado embarcações com pessoas de origem africana e asiática.
O Papa encorajou os cristãos locais a continuarem o “empenho de solidariedade” para com os migrantes, que encontram na ilha “um primeiro asilo de acolhimento”, e desejou que “os órgãos competentes prossigam a indispensável ação de tutela da ordem social no interesse de todos os cidadãos”.
Referindo-se à “forma pascal” que a existência humana deve assumir, Bento XVI salientou que os cristãos devem partir da “compreensão autêntica da ressurreição de Jesus”.
Este ressurgimento, explicou, “não é um simples retorno à vida anterior”, mas uma realidade que deixa de estar “submetida à caducidade do tempo” e passa a ficar “imersa na eternidade de Deus”.
Nas palavras que proferiu em língua portuguesa, o Papa saudou em particular os “queridos peregrinos” de Lisboa e Sertã e os brasileiros de Poços de Caldas.
“Não podemos guardar só para nós a vida e a alegria que Cristo nos deu com a sua Ressurreição, mas devemos transmiti-la a quantos se aproximam de nós. Assim, fareis surgir no coração dos outros a esperança, a felicidade e a vida!”, disse Bento XVI.
Entre o domingo de Páscoa, que celebra a ressurreição de Cristo, e 12 de junho (dia de Pentecostes, palavra de origem grega que significa “cinquenta dias”), a Igreja Católica vive o “Tempo Pascal”, o período mais significativo do seu calendário litúrgico.
RM