João Paulo II: Pontificado para a história

D. António Marcelino, bispo emérito de Aveiro, lembra falecido Papa como «um lutador e um homem de grande cultura» e diz que deixou problemas em aberto

Lisboa, 26 abr 2011 (Ecclesia) – O bispo emérito de Aveiro, D. António Marcelino, afirmou que o pontificado de João Paulo II (1978-2005) foi um dos mais “fecundos” da história e abordou “todos os grandes problemas da humanidade”, deixando, no entanto, questões em aberto.

“Passaram pelo seu magistério todos os grandes problemas da humanidade: a vida humana, a família, a paz, a verdade, a educação,  a cultura emergente, o desenvolvimento e a solidariedade, a liberdade religiosa, as minorias sociais e étnicas, a ecologia, a mulher, os jovens, os direitos humanos, os idosos, os artistas, o diálogo intercultural, a bioética”, assinala o prelado, em texto que integra a edição especial do semanário Agência ECCLESIA, dedicada à beatificação de João Paulo II, cerimónia que vai ter lugar a 1 de maio, no Vaticano.

O bispo emérito de Aveiro, coordenador da Comissão Episcopal da Educação Cristã, refere que “o arcebispo de Cracóvia, Karol Wojtyla -que eleito Papa em 1978, escolheu para si o título de João Paulo II – era, já então, uma figura proeminente que a história da Igreja na Polónia não esquece”.

“Era, também, um lutador e um homem de grande cultura”, acrescenta.

Para D. António Marcelino, “desde a primeira hora, João Paulo II quer  ligar o seu pontificado ao de Paulo VI, na rota da urgente evangelização das pessoas e das culturas, com o anúncio explícito da Boa Nova de Jesus aos homens concretos, de cada tempo e lugar”.

“Todo o desenrolar do magistério de João Paulo II e a explicação dos motivos que o levaram, sem olhar a esforços e dificuldades, a tantos povos e nações, e a intervir sobre os mais variados temas, está aqui: mostrar Jesus Cristo ao homem concreto, com a sua cultura e história, onde quer que viva e lute”, prossegue.

O bispo emérito de Aveiro destaca, neste particular, o desenvolvimento nas “relações com os não cristãos, os não crentes, os cristãos de outras confissões”.

Este responsável assinala que, como todos os outros, “o magistério, tão amplo e atual, de João Paulo II não deixou resolvidos todos os problemas sentidos na Igreja, e para os quais se vinha já chamando a atenção, de modo insistente”.

Entre os pontos listados pelo prelado estão “o papel da mulher na comunidade cristã”, “a ordenação sacerdotal de homens casados”, “a situação de muitos divorciados recasados”, “a clarificação sobre a regulação dos nascimentos” e “a maior autonomia das conferências episcopais”, entre outros.

O texto fala ainda na necessidade de “descentralização urgente de muitos serviços da Igreja” e de “renovação dos seus quadros com gente aberta, livre e não alinhada em grupos mais ou menos sectários”.

“João Paulo II foi um cristão que soube traduzir a fé por coragem, por inovação e risco, por procura de caminhos novos, muitos dos quais antes não andados. A sua vida assim o mostra. O seu magistério não é para arquivar, mas, antes, para aprofundar”, conclui D. António Marcelino.

A beatificação de João Paulo II, no Vaticano, vai ser presidida pelo seu sucessor, Bento XVI, que vai apresentar o Papa polaco aos católicos como modelo de vida e intercessor junto de Deus e autoriza o seu culto público, inicialmente restrito à Polónia e à diocese de Roma.

OC

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Agência ECCLESIA

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