Braga, 18 abr 2011 (Ecclesia) – Em Braga, as celebrações da Semana Santa transpõem as pedras da Igreja e mostram a luz da caminhada quaresmal nas ruas da cidade.
Depois de várias iniciativas – do musical às exposições -, esta quarta-feira o cortejo bíblico «Vós sereis o meu povo» – também conhecida como Procissão de Nossa Senhora da «Burrinha» – percorre algumas artérias de Braga.
Organizado, desde 1998, pela paróquia e pela junta de freguesia de S. Victor, este “eloquente cortejo apresenta a pré-história do Mistério Pascal de Jesus que a Igreja celebra nos dias seguintes” – lê-se no site das celebrações da Semana Santa de Braga.
Na quinta-feira Santa, durante a tarde, enquanto os fiéis são convidados a visitarem as sete igrejas, que representam as Sete Estações de Roma (Sé Primaz, Misericórdia, Santa Cruz, Terceiros, Salvador, Penha e Conceição / Mons. Airosa), os farricocos (ver foto) percorrem a cidade, com as suas ruidosas matracas.
Outrora, conforme a mentalidade de então, um grupo de mascarados percorria as ruas chamando os pecadores públicos à sua reintegração na Igreja, depois de arrependidos e perdoados.
Era a forma do tempo, de entender a misericórdia para com os pecadores, aos quais tinha sido aplicada a indulgência (ou «endoença»).
Com saída da igreja da Misericórdia, a procissão do Senhor «Ecce Homo» – organizada desde tempos antigos pela Irmandade da Misericórdia – evoca o julgamento de Jesus, ao mesmo tempo que celebra a misericórdia por ele ensinada.
Além de muitas figuras alegóricas da Ceia e do julgamento de Jesus, desde 2004 incorporam-se na procissão alegorias das catorze obras de misericórdia, bem como figuras históricas ligadas à fundação e à história das Misericórdias.
À mesma hora em que Cristo expirou, os cristãos celebram o mistério da sua Morte redentora (sexta-Feira Santa).
Não há Missa, como seu memorial, mas comemoração directa, integrando a sequência dos actos seguintes: liturgia da palavra; oração universal, adoração da cruz e comunhão eucarística.
Depois do canto de vésperas, segue-se a Procissão Teofórica do Enterro, costume trazido de Jerusalém pelo Convento de Vilar de Frades, no séc. XV ou XVI, daí passando a muitas catedrais.
Os acompanhantes cobrem o rosto em sinal de luto. Dois meninos ou duas senhoras cantam em latim: «Heu! Heu! Domine! Heu! Heu! Salvator noster!» (Ai! Ai! Meu Senhor! Ai! Ai! O nosso Salvador!).
O programa destas celebrações pode ser encontrado na Internet, em www.semanasantabraga.com/
LFS/OC