D. José Policarpo pede a Cavaco Silva governo «capaz de levar Portugal a bom porto»
Lisboa, 16 abr 2011 (Ecclesia) – O cardeal-patriarca de Lisboa defendeu, esta sexta-feira, um governo o “mais abrangente possível, com pessoas o mais competentes possível”.
D. José Policarpo espera que o presidente da República, Cavaco Silva, depois das eleições legislativas, marcadas para 5 de junho, “não permita que o futuro governo de Portugal não seja um governo capaz de levar Portugal a bom porto”.
Em relação à crise política e à falta de entendimento entre os principais atores políticos, o prelado disse ser uma situação que, além de passar uma má imagem para o exterior, ultrapassa a capacidade de compreensão.
Em entrevista à RTP, José Policarpo afirmou esperar que os partidos “pusessem de parte particularismos e se juntassem num grande projeto nacional”.
“Ainda estão a tempo de o fazer, já é tarde, mas se não o fizerem porão em questão a própria estrutura política atual, porque isto que estamos a viver é uma crise do exercício da democracia”, sublinhou.
Numa altura em que Portugal se prepara para ser alvo de uma intervenção da União Europeia e do FMI, o patriarca disse ser “urgente pensar Portugal” e aproveitar este momento de crise para refletir sobre o papel do Estado e a organização da sociedade civil.
O patriarca de Lisboa acusa as agências de ratin (instituições que avaliam a capacidade financeira de países, empresas e organizações, atribuindo notas sobre a capacidade de pagarem as suas dívidas) de “servirem interesses, não se sabe de quem” e mostrou-se preocupado com a atual falta de controlo dos Estados sobre o sistema financeiro.
“A incapacidade total das autoridades dos Estados de controlarem, de uma maneira positiva, este mundo financeiro é uma coisa que começa por ter consequências éticas. Eu não me sinto bem num mundo destes”.
Perante as dificuldades que se aproximam, D. José Policarpo teve uma palavra de otimismo: “aqui em Portugal vamos resistir e ajudar-nos uns aos outros” e a Igreja vai estar com os mais necessitados.
O cardeal-patriarca afirmou-se disponível não para intervir diretamente na política mas para ajudar a conscientizar as pessoas para a necessária participação.
Para D. José Policarpo está na hora de, recordando uma frase célebre do presidente norte-americano John Fitzgerald Kennedy, os portugueses “perguntarem o que podem fazer pelo país, e não esperar o que o país pode fazer pelos portugueses”.
RR/LS