Crise: Ajuda externa penaliza pobres

D. Manuel Martins fala em «situação calamitosa» e critica quem «não soube governar» o país

Lisboa, 14 abr 2011 (Ecclesia) – O bispo emérito de Setúbal, D. Manuel Martins, considera que Portugal está a atravessar “uma situação calamitosa”, pelo que a ajuda externa é algo de “tristemente bom para os portugueses”.

Depois da chegada da equipa de Bruxelas e do Fundo Monetário Internacional (FMI) ao nosso país, o prelado disse esta quarta-feira à Agência ECCLESIA que “Portugal não se soube governar e gastou mais do que podia”.

Declarando que os governantes fizeram afirmações que “não correspondiam à verdade”, D. Manuel Martins realça que a ajuda externa “será preciosa”, mas reconhece “que quem empresta dinheiro será duro” para o país.

Os “pobres portugueses” serão “as vítimas” das exigências impostas pelo FMI, indica o bispo Manuel Martins.

Até sentirem as consequências e os efeitos, as pessoas poderão “não entender a filosofia desta ajuda”, mas muitos “já começaram a apertar os cintos e outras dispensaram-no porque não há cinto para usar”, acrescenta.

O bispo emérito de Setúbal lamenta a “situação triste” que se vive e acrescenta: “nunca julguei que Portugal viesse a chegar a uma situação deste género”.

O prelado não entende “o desentendimento e as confrontações dos responsáveis políticos” que “estão mais interessados em aproveitar esta oportunidade para abrirem caminhos de vitória”.

Esta ocasião “difícil” para Portugal devia ser “aproveitada” para os “políticos se entenderem” e “não colocarem os interesses individuais e de grupos acima dos interesses nacionais”, denuncia ainda.

Ao recordar os seus tempos na diocese de Setúbal (1975-1998), D. Manuel Martins sublinha que disse “muitas vezes que era fundamental evangelizar a política” e que os políticos “dessem exemplo de honestidade, transparência e capacidade de serviço”.

Quando Portugal pediu ajuda externa na década de 80, o prelado era bispo de Setúbal, mas o nosso país “não estava em situação tão grave como esta, nem era comparável com a situação de hoje”.

Por fim, o bispo confessa que desejava “ardentemente” que os “políticos se entendessem e deixassem os interesses partidários” porque “é a sorte de todo um povo que está em jogo”.

LFS

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Agência ECCLESIA

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