Crise: Bispos pedem «consenso alargado»

Conselho Permanente da CEP reuniu-se em Fátima e analisou situação do país, num momento em que se discutem condições da ajuda externa

Fátima, Santarém, 12 abr 2011 (Ecclesia) – A Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) deixou hoje votos de que as forças partidárias promovam um “consenso alargado” face à crise que atinge o país, mesmo em caso de maioria absoluta nas legislativas de 5 de junho.

“Mesmo que haja uma maioria absoluta, vê-se que nestas circunstâncias é importante, fundamental, um consenso alargado”, disse o secretário da CEP, padre Manuel Morujão, no final da reunião do Conselho Permanente do órgão máximo dos bispos católicos em Portugal.

“Esta situação de extrema necessidade, de urgência social, deve criar iniciativas para que se encontrem consensos”, prosseguiu.

O responsável comentou a chegada ao país de uma missão técnica das três instituições que negoceiam o apoio financeiro com Portugal – Banco Central Europeu, Fundo Monetário Internacional e Comissão Europeia.

“Não há varinhas mágicas nesta ajuda que nos vem do exterior, há sim a exigência de um compromisso sério de todos”, disse Manuel Morujão.

Para o secretário da CEP, é necessário que “não sejam os mais desfavorecidos a pagar a parte fundamental da fatura” por causa da “tormenta em que o país se encontra”, aludindo, em particular, a quem “está no desemprego” ou recebe “pensões de miséria”.

Em declarações aos jornalistas, o sacerdote pediu “um reforço de ética na política”, sublinhando que “sem valores, não se chega a lado nenhum”.

“A política não é uma arena onde se digladiam partidos e forças, mas uma mesa de encontros e diálogo”, apontou.

Neste contexto, o sacerdote jesuíta apelou à defesa dos “princípios de verdade, de honestidade, de justiça, de realismo”, imprescindíveis, do seu ponto de vista, para o que país “chegue a bom porto” e não a um “naufrágio”.

“O bem comum tem de ser a norma fundamental para organizar a vida política e social do país”, acrescentou o padre Morujão.

O secretário da Conferência Episcopal afirmou que “a Igreja está do lado da esperança”, manifestando-se convicto de que a solução para a situação portuguesa é “perfeitamente alcançável”.

“Temos um desafio a responder, um estímulo a darmos uma resposta de qualidade”, disse, declarando ainda que “todos os cidadãos” são “parte da solução”.

Em relação ao impacto previsível das medidas de austeridade sobre os “mais pobres”, Manuel Morujão referiu que as organizações sociais ligadas à Igreja Católica estão “preocupadas e ocupadas” para minorar as consequências da austeridade sobre os “mais pobres”.

O responsável fez eco das preocupações manifestadas pela Caritas Portuguesa, organização católica para solidariedade que, no final do seu último conselho geral, em comunicado enviado à Agência ECCLESIA, dava conta de “pedidos de ajuda de toda a ordem: pagamento das rendas habitacionais, eletricidade, água, medicamentos, alimentos, creches, propinas e roupa”.

O Conselho Permanente é um órgão delegado da assembleia da CEP, com funções de preparar os seus trabalhos e dar seguimento às suas resoluções, que reúne ordinariamente todos os meses.

OC

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