Lisboa: Cardeal-patriarca desafia católicos a abrir ruturas

«A missão, nos nossos dias, não pode ser vista apenas no seu aspeto marcadamente eclesiástico», afirmou D. José Policarpo

Lisboa, 11 abr 2011 (Ecclesia) – O cardeal-patriarca desafiou os católicos a testemunharem uma existência que crie “ruturas” e manifeste “outra perspetiva da vida”, durante a quinta catequese da Quaresma proferida este domingo na Sé Patriarcal de Lisboa.

A intervenção de D. José Policarpo, enviada à Agência ECCLESIA, intitulou-se ‘Vocação e Missão’, palavras que na terminologia cristã significam, respetivamente, o convite que Deus faz a cada batizado para seguir um determinado estado de vida e a ação que os fiéis devem realizar em função daquele chamamento.

Para o cardeal-patriarca, “a vocação especifica-se e esclarece-se na missão”, sendo “natural e necessário que cada cristão se sinta chamado e enviado a empenhar-se na realização de aspetos concretos” das tarefas que cabem à Igreja, algumas “bastante a descoberto” nas sociedades atuais.

De acordo com o prelado, a missão abarca “toda a realidade humana do mundo contemporâneo” e “não pode ser vista apenas no seu aspeto marcadamente eclesiástico”, ou seja, deve envolver todos os fiéis e não apenas o clero.

“Os escolhidos e enviados não são apenas alguns mas todos pelo próprio facto de pertencer à Igreja”, disse José Policarpo, que qualifica de “decisiva para um novo dinamismo de evangelização” a consciência de que cada cristão “é enviado e participa da responsabilidade pela missão”.

O prelado sublinhou que “a Igreja pode chamar e enviar mesmo quando as pessoas não sentirem interiormente” o apelo de Deus, e a resposta afirmativa a esse convite implica uma mudança dos “projetos de vida”: “Algumas destas vocações revestem-se de uma certa dramaticidade”.

José Policarpo realçou que vocação e missão só se entendem em união a Jesus – “a identidade entre Cristo e a Igreja é total, a comunhão entre eles é profunda” – pelo que “todos os enviados são mensageiros para realizarem no meio dos homens” o “plano divino de salvação”.

“Só a Palavra de Deus nos ajudará a não cair em visões sociológicas e imanentes da missão”, salientou o cardeal-patriarca, para quem a “Igreja descobre-se continuamente como enviada ao mundo, atitude que marcará a sua maneira de olhar e julgar a sociedade dos homens”.

A sexta e última catequese quaresmal decorre este Domingo (denominado de Ramos), com o tema ‘Em cada ano a Igreja celebra a Páscoa com o seu Senhor’.

A Quaresma, que este ano começou a 9 de março (quarta-feira de Cinzas), é um período de 40 dias marcado por apelos ao jejum, partilha e penitência, que servem de preparação para a Páscoa, a principal festa do calendário dos cristãos.

RM

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