Caritas: É preciso «repartir» sacrifícios

Conselho Nacional da organização católica analisa situação do país e Eugénio da Fonseca defende um compromisso alargado

Lisboa, 08 abr 2011 (Ecclesia) – O presidente da Caritas Portuguesa considerou hoje que a situação atual do país pede maior “verdade” política, um povo que “não se demita das suas responsabilidades” e rigor na utilização dos recursos financeiros disponíveis.

“Quem quer governar tem de dizer quais os sacrifícios que terão de ser feitos, mas é ilusório julgar que tudo isto se resolve apenas com o contributo dos políticos, o povo tem de começar já a fazer a sua parte” realça Eugénio da Fonseca, em declarações à Agência ECCLESIA.

Este responsável falava no dia em que se inicia o Conselho Geral da Caritas Portuguesa, que vai contar com uma apresentação sobre a «evolução da situação económica e social do país na perspetiva da Caritas – problemas e respostas».

O encontro de três dias vai debater a situação económica e política do país, e um dos assuntos em cima da mesa será o pedido de ajuda externa feito pelo Governo à Comissão Europeia.

“Se este é um dos caminhos para sairmos da grave situação em que estamos, tudo bem, mas para assumirmos compromissos temos de saber como os vamos realizar” sublinha o líder da organização humanitária católica.

Eugénio da Fonseca defende que os políticos deverão ser “muito cuidadosos” nas negociações, e que as condições do empréstimo a contrair “sejam repartidas por todos, mas com equidade social, ou seja, que contribua quem mais pode”.

Até domingo, a reunião magna da Caritas nacional vai também abordar os esforços que têm sido feitos pela organização, no auxílio aos mais desfavorecidos.

Apesar de ainda não ser possível apresentar números concretos, uma vez que “se está à espera dos dados que as Caritas diocesanas irão trazer para o encontro”, é possível avançar que “a ajuda tem ficado muito aquém das solicitações apresentadas”.

“Temos canalizado os nossos recursos no atendimento às necessidades imediatas das pessoas, para que não passem fome nem percam as suas casas, para que doentes e idoso continuem a ter acesso aos medicamentos, e para que as pessoas não vejam os seus filhos parar os estudos” explica aquele responsável.

Neste momento, não é possível dar meios às pessoas para angariarem os seus próprios recursos.

“Infelizmente, o estado da economia em Portugal não permite esse dinamismo, mesmo que as pessoas queiram criar o seu próprio posto de trabalho” lamenta Eugénio da Fonseca.

A Caritas trabalha sobretudo para que os portugueses possam “encarar o futuro sem pessimismos”.

“Temos condições para ultrapassar a crise, desde que não nos matem a esperança nem nos diminuam as sinergias” aponta o líder daquele organismo.

De acordo com Eugénio da Fonseca, um dos meios que mais tem contribuído para manter viva esta chama tem sido o voluntariado.

“Sobretudo aquele mais centrado na disponibilidade do dar, e tem sido muito interessante o contributo financeiro e em bens, por parte das pessoas” destaca.

Entre outras ações desenvolvidas em território nacional, a Caritas Portuguesa intervém na implementação de programas de apoio maternoinfantil, infantojuvenil, terceira idade, mulheres vítimas de violência doméstica bem como na luta contra a exclusão social, em especial no apoio às minorias étnicas, comunidades de imigrantes e suas famílias, toxicodependentes, seropositivos e alcoólicos.

JCP

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