Vaticano: Papa exalta vida «simples» e «escondida» de Santa Teresa do Menino Jesus

Padroeira das missões rezou pelos «ateus» e tornou-se «uma das santas mais conhecidas e amadas»

Cidade do Vaticano, 06 abr 2011 (Ecclesia) – O Papa enalteceu hoje a vida “simples” e “escondida” de Teresa de Lisieux (1873-1897), que rezou pelos “ateus” e se tornou “uma das santas mais conhecidas e amadas” após a morte e a publicação dos seus escritos.

A “vida breve” da padroeira das missões (termo relativo às ações de anúncio e testemunho do cristianismo em povos e grupos que não conhecem ou creem em Jesus) “iluminou toda a Igreja com a sua profunda doutrina espiritual”, sublinhou Bento XVI na audiência geral que se realizou na Praça de São Pedro, Vaticano.

Teresa nasceu na cidade gaulesa de Alençon – foi a nona e última filha de esposos “exemplares”, declarados beatos em 2008 – e após a morte da mãe, quando tinha quatro anos, mudou-se com o pai e irmãos para Lisieux, igualmente na França, onde passou o resto da vida.

Quando aos 16 anos entrou na ordem religiosa das Carmelitas tornou-se “Teresa do Menino Jesus e da Santa Face”, nome que para o Papa exprime “o programa de toda a sua vida” ao referir-se à atenção dada à “Incarnação” (convicção de que Jesus, como filho de Deus, assumiu a natureza humana) e à “Redenção” (a libertação da humanidade que, segundo os cristãos, Cristo operou depois da sua morte e ressurreição).

Bento XVI recordou igualmente o sofrimento físico e espiritual da doutora da Igreja, título concedido em 1997 pelo Papa João Paulo II para realçar a santidade de vida e ortodoxia dou­tri­nal da santa francesa.

“Um ano antes da sua morte, iniciou a sua paixão pessoal”, uma “paixão do corpo, com a doença que acabaria por levá-la à morte, mas, sobretudo, tratou-se de uma paixão na alma com uma dolorosa prova da fé, a qual ofereceu pela salvação de todos os ateus do mundo”, a quem chamava de “irmãos”, afirmou.

As últimas palavras de Teresa – “Meus Deus, amo-vos!” – pronunciadas a 30 de setembro de 1897 (a Igreja católica declarou-a santa em 1925 e evoca-a anualmente a 1 de outubro), constituem para Bento XVI “a chave de toda a sua doutrina”.

“O ato de amor, expresso no seu último sopro, era como a respiração contínua da sua alma, como o batimento do seu coração”, assinalou o Papa, que convidou os católicos a “aprenderem na escola dos santos e a amar de modo autêntico e total”.

Depois de acentuar que Teresa é “guia para todos”, especialmente para os teólogos, Bento XVI salientou que ela penetrou “continuamente no coração” da Bíblia, praticando uma leitura que, “alimentada pela ciência do amor, não se opõe à ciência académica”.

A autobiografia de Teresa, intitulada ‘História de uma Alma’, foi publicada um ano após a sua morte, aos 24 anos, tendo obtido “rapidamente enorme sucesso”: “Desejo convidar-vos a redescobrir este pequeno-grande tesouro”, disse o Papa.

“Queridos peregrinos lusófonos, a todos saúdo e dou as boas-vindas, particularmente, aos portugueses vindos de Espinho e aos brasileiros de Divinópolis. Possa essa peregrinação reforçar o vosso zelo apostólico para fazerdes crescer o amor a Jesus Cristo na própria casa e na sociedade!”, disse Bento XVI na saudação em português.

A alocução papal incluiu cumprimentos aos participantes da conferência sobre a doença de Parkinson, que hoje termina no Vaticano sob o patrocínio da Academia Pontifica das Ciências, e a uma delegação do Colégio de Defesa da NATO, dizendo que reza pelo seu “importante trabalho ao serviço da paz”.

RM

Partilhar:
plugins premium WordPress
Scroll to Top