Solidariedade: Igreja deve «provocar» a sociedade

D. Manuel Martins, bispo emérito de Setúbal, sublinha «identidade social» do cristianismo e necessidade de «olhar o homem todo»

Lisboa, 22 Mar (Ecclesia) – D. Manuel Martins, bispo emérito de Setúbal, considera que os católicos devem surgir como uma “provocação” na sociedade actual, afirmando que a “identidade cristã está identificada com a sua identidade social”.

“Às vezes, penso que na Igreja andamos todos muito quietinhos ou morninhos, porque nem nos provocam, nem nós provocamos, nem provocamos ninguém”, assinala, em texto publicado hoje na mais recente edição do semanário Agência ECCLESIA.

Falando sobre a “identidade social do cristianismo”, o prelado diz mesmo que “pela provocação terá que andar a verdadeira Evangelização”.

A Igreja, acrescenta, tem de “olhar o homem todo, salvar o homem todo, não esquecendo nenhuma das suas dimensões de evangelização, como às vezes acontece”.

“O Evangelho é mais que claro, quando nos diz que não podemos andar por aí a dizer que amamos a Deus sem amarmos o próximo e, se calhar, mais claro ainda S. João, quando chama mentiroso àquele que diz amar a Deus sem amar o próximo”, alerta.

José Dias da Silva, vogal da Comissão Nacional Justiça e Paz, assina um texto intitulado «Do dar ao ser para os outros», afirmando que “o dar «cristão» é o dar-se aos outros, um dar que engloba todas as outras formas de dar, mas que as ultrapassa e purifica”.

“O ser humano é, por definição, um ser social, um ser para os outros. Duplamente o tem de ser o cristão: porque é um ser humano e porque se sente amado gratuitamente por Deus”, assinala.

Neste dossier sobre o «ser para os outros» relata-se ainda a experiência da escritora Maria Teresa Gonzalez, a qual colabora há oito anos como voluntária numa clínica psiquiátrica ligada às Irmãs Hospitaleiras do Sagrado Coração de Jesus, em Lisboa, onde organiza momentos de oração comunitária.

“Todos nós precisamos de atenção e de afecto, e quando nos juntamos para fortalecer esses laços na presença de Deus, o que se dá é algo muito parecido com um milagre, porque é um momento de grande alegria e profundidade” sublinha.

O padre Tony Neves, missionário espiritano, fala da sua experiência em Angola durante a guerra civil.

“Há momentos em que temos que decidir entra a segurança de partir e o risco de ficar. Aconteceu-me. Nessa hora, os sentimentos estão confusos, pois o ‘partir’ salva a pele de quem foge, mas complica ainda mais a vida dos que ficam”, assinala.

A edição desta terça-feira apresenta ainda uma entrevista com o responsável pela causa de canonização de Madre Teresa de Calcutá, padre Brian Kolodiejchuk.

Ao longo da Quaresma, que se prolonga de 9 de Março a 21 de Abril, a Agência ECCLESIA vai apresentar semanalmente um dossier sobre espiritualidade cristã, nas suas mais diversas vertentes.

OC

Partilhar:
plugins premium WordPress
Scroll to Top