Jejum para evitar «convulsões sociais»

Bispo de Aveiro diz que «viver bem e com menos» é um caminho a percorrer para alterar «paradigmas pessoais errados e processos políticos injustos»

Lisboa, 14 Mar (Ecclesia) – O bispo de Aveiro, D. António Francisco dos Santos, considera que a renúncia alimentar, na sequência dos apelos ao jejum feitos aos católicos durante a Quaresma, contribui para evitar revoltas sociais.

“Viver bem e com menos, em condições de justiça e de equidade, é um caminho a percorrer” para alterar “paradigmas pessoais errados e processos políticos injustos, a fim de evitar convulsões sociais e construir a desejada harmonia social, coesa e funcional”, sublinha o prelado na mensagem para a Quaresma publicada no site da diocese.

A “renúncia”, conducente à “partilha de bens que o estilo de vida sóbria e compassiva proporciona”, entende-se no quadro do jejum, “sinal duma forma de viver mais saudável, generosa e solidária”, refere o texto.

António Francisco dos Santos anuncia que a construção da casa sacerdotal de Aveiro e a diocese de São Tomé e Príncipe vão ser os destinos da renúncia quaresmal, prática em que os fiéis abdicam da compra de bens que adquirem habitualmente noutras épocas do ano, reservando o dinheiro para uma finalidade especificada pelo bispo.

“Continuamos, igualmente, a afirmar a necessidade de colaborar com a Cáritas Diocesana através do Fundo de Emergência Social para irmos ao encontro dos que mais sofrem com a crise económica e social que atinge dramaticamente tantas pessoas e famílias das nossas comunidades”, escreve o bispo de Aveiro.

No entender do responsável da Igreja católica portuguesa pelas vocações, “a cultura actual e os dinamismos sócio-económicos tendem a esvaziar o coração humano e a opinião pública dos valores fundamentais à condição humana e à sã convivência social”, espalhando, o “relativismo” e o “consumismo”.

“A Quaresma faz-nos uma proposta diferente: atraente pela beleza e mobilizadora pela solidariedade, visa purificar o olhar, elevar o coração, infundir a fortaleza, dominar os excessos e proporcionar alimento aos que têm fome”, indica a mensagem, que aconselha os católicos a recorrerem à confissão e à missa para se fortalecerem espiritualmente.

Depois de assinalar que a “conversão quaresmal” deve também conduzir “ao apreço pelo voluntariado”, cujo Ano Europeu se assinala em 2011, o prelado manifesta o seu apoio aos voluntários missionários que “todos os anos” partem da diocese e aos jovens que vão participar na Jornada Mundial da Juventude, agendada para Agosto, em Madrid.

O texto faz alusão ao roteiro de “Caminhada Quaresma-Páscoa”, elaborado pelo departamento da Educação Cristã da diocese aveirense, recomendando a sua utilização “sobretudo nas comunidades paroquiais, nas famílias, nos movimentos apostólicos e em todos os grupos que, desejosos de ‘sentir com a Igreja’, procuram meios acessíveis a tão nobre propósito”.

Iniciada este ano no dia 9 de Março (quarta-feira de Cinzas), a Quaresma é um período de 40 dias marcado por apelos ao jejum, partilha e penitência, que servem de preparação para a Páscoa, a principal festa do calendário dos cristãos.

RM

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