«Sínodo 2012»: Documento preparatório recusa ideia de «acções de proselitismo» por parte da Igreja

Secretário-geral do Sínodo diz que as novas tecnologias devem levar a Igreja a fazer mais e melhor

Cidade do Vaticano, 04 Mar (Ecclesia) – O Vaticano recusou hoje a ideia de que a chamada “nova evangelização” signifique quaisquer tipo de “acções de proselitismo” por parte da Igreja, mormente “em relação a outras confissões cristãs”.

A posição é assumida no documento preparatório («lineamenta») para o Sínodo dos Bispos de 2012, apresentado aos jornalistas pelo arcebispo Nikola Eterovic.

O secretário-geral do Sínodo afirmou que “a Igreja não faz proselitismo”, prática que considerou como “uso de meios ilícitos para a promoção da fé”.

“Quando (a Igreja) fala de nova evangelização, pretende orientar-se em mais direcções, também aos que já foram baptizados e se foram afastando”, referiu, em conferência de imprensa, Nikola Eterovic.

O texto está dividido em três capítulos e 25 pontos, intercalados por uma série de questões que vão ser agora discutidas por organismos episcopais e diversas instituições eclesiais, os quais podem enviar as suas propostas à secretaria do Sínodo dos Bispos até Novembro de 2011.

Entre os temas destacados pelo secretário-geral do Sínodo estão as “novas tecnologias” da comunicação, que para o arcebispo Eterovic constituem para a Igreja um apelo “a fazer mais e melhor” nesta área.

No documento é afirmado que os meios de comunicação social “oferecem enormes possibilidades e representam um dos grandes desafios para a Igreja”.

“Não há lugar no mundo de hoje que não possa ser alcançado e, por isso, não estar sujeito à influência da cultura mediática e digital, que progressivamente se estrutura como o «lugar» da vida pública e da experiência social”, refere-se no texto.

A 12ª assembleia geral do Sínodo dos Bispos vai decorrer entre 7 e 28 de Outubro do próximo ano, tendo como tema, por decisão de Bento XVI, «A nova evangelização para a transmissão da fé cristã».

“A nova evangelização não é uma duplicação da primeira, não é uma simples repetição, mas é a coragem de ousar novos caminhos, para atender às mudanças de condições dentro do qual a Igreja é chamada a viver hoje o anúncio do Evangelho”, assinala o documento preparatório.

No texto assinala-se uma “profunda mistura das culturas”, afirmando que “as instituições que não acompanham o novo ritmo dos acontecimentos mundiais estão em risco de serem automaticamente excluídas do contexto social, económico, político e religiosos dos dias futuros”.

Outro aspecto colocado em relevo é a “continuação da crise económica”  e as “dificuldades em encontrar as regras de um mercado mundial capaz de tutelar uma convivência mais justa”.

“Esta época força-nos a viver frequentemente encurralados no presente e na precariedade, sendo cada vez mais difícil a escuta e a transmissão da memória humana e a partilha dos valores sobre os quais construir o futuro das novas gerações”, observa-se.

Por tudo isto, assinala o Vaticano, “a tarefa da evangelização encontra-se diante de novos desafios, que põem em causa práticas consolidadas” e “obrigam a Igreja a questionar-se de modo novo sobre o sentido das suas acções de anúncio e de transmissão da fé”.

O Sínodo dos Bispos pode ser definido, em termos gerais, como uma assembleia consultiva de representantes dos episcopados católicos de todo o mundo, com a tarefa ajudar o Papa no governo da Igreja.

OC

Partilhar:
plugins premium WordPress
Scroll to Top