Solidariedade: Ver para lá da crise

Instituições católica multiplicam respostas perante agravamento das dificuldades

Lisboa, 01 Mar (Ecclesia) – A Igreja Católica em Portugal está a multiplicar as suas respostas à crise económica, que vão desde a distribuição de alimentos à promoção de iniciativas que visam a criação de empregos.

O tema está em destaque na mais recente edição do semanário Agência ECCLESIA, hoje publicada, na qual Maria do Rosário Líbano Monteiro, vice-presidente do Centro Paroquial do Estoril (Patriarcado de Lisboa), fala das “empresas sociais” que a Igreja tem ajudado a criar.

Esta responsável sublinha que já nos primeiros meses de 2009 os despedimentos se começavam a fazer sentir: “Uma das pessoas (Ana) tinha sido despedida de um hotel, tem 2 filhos a estudar e o marido (João) é colocador de estores sendo mais os dias que não tem trabalho do que os que tem”.

“Fizemos-lhes então um convite – porque não pensam constituir uma empresa social em que o primeiro cliente a dar trabalho é o Centro Paroquial do Estoril? Assim foi, começou ela com a ajuda do marido e do filho – tem hoje mais de 23 empregados, novos clientes  e quer o filho quer o marido já têm outro trabalhos”, relata.

A vice-presidente do Centro Paroquial do Estoril refere que na altura foram constituídas “mais 4 ou 5 empresas sociais (pintura, electricista, construção civil, exploração do ginásio)”, modelo que foi proposto e integrado no projecto «Igreja Solidária», do Patriarcado de Lisboa.

Carlos Oliveira, presidente da Caritas Diocesana do Algarve, fala, por seu lado, do Refeitório Social – «Take away» – que iniciou a sua actividade a 8 de Fevereiro distribuindo refeições (jantares) às terças e quartas-feiras a 40 utentes, correspondentes a 24 famílias.

“Actualmente está atingido o limite das 40 refeições pelo que, caso se verifiquem mais pedidos, serão inscritos numa lista de espera para posterior integração”, adianta, antes de precisar que os utentes vão desde os sem-abrigo a desempregados.

A Caritas Portuguesa dá conta do trabalho realizado através do protocolo assinado em 2009 com a Ticket Restaurant, para a campanha «Campanha Ticket Solidário».

A intenção foi unir esforços “no combate ao actual contexto de crise económica e financeira e ao crescente número de novos desempregados, que caíram em situação de privação de recursos e a vivem envergonhadamente, tendo dificuldade, por isso, em procurar as ajudas mais vulgarizadas e criadas para as formas de pobreza de longa duração”.

“A campanha já ultrapassou os 25 mil euros e recorreram à Caritas Portuguesa nove Caritas Diocesanas que usaram, até este momento, também este tipo de apoio social”, indica a organização católica.

Os tickets são distribuídos “somente a pessoas que dêem garantias de os utilizar na aquisição de bens essenciais à subsistência e que não são abrangidas por outra forma de apoio regular”.

Entretanto, o Fundo Social Solidário criado pela Conferência Episcopal Portuguesa em 2010 distribuiu na primeira quinzena de Fevereiro quase 15 500 euros, 110% mais do que nos últimos quinze dias de Janeiro (7400 euros).

A equipa que gere o Fundo é constituída por membros da Comissão Nacional Justiça e Paz, Sociedade São Vicente de Paulo, Caritas Portuguesa e Comissão Justiça e Paz dos Institutos Religiosos.

OC

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